A construção da imensa rodovia aliou a megalomania dos projetos-impacto do governo do general Emílio Garrastazu Medici a um dos maiores delírios ecologicamente incorretos da história do País. Planejada com o intuito de transferir populações excedentes de outras regiões, como Sul e Nordeste, e ainda garantir o controle da região, raciocínio que se enquadrava à perfeição na paranóia militar, o projeto atropelou os recursos naturais das áreas que a circundavam, assim como as populações locais, especialmente as indígenas. O comando da região seria assegurado com o assentamento de agrovilas de trabalhadores nordestinos. Os números envolvidos no projeto explicitavam sua megalomania. A estrada teria aproximadamente quatro mil quilômetros, desconsiderando-se o trecho que chegaria ao litoral nordestino. Em 1972, foi inaugurado o pedaço que liga Estreito, em Goiás, a Indaiatuba, no Amazonas. A obra foi um megafracasso. Uma bolada de cerca de US$ 1,5 bilhão foi torrada na sua construção, forrando o caixa de diversas empreiteiras, após uma desvastação ecológica sem precedentes até então.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias