29/12/1999 - 10:00
No dia 12 de outubro de 1995, contudo, num culto transmitido pela Rede Record, comprada quatro anos antes pela Igreja Universal do Reino de Deus, o bispo Sérgio von Helder resolveu chutar a imagem de Nossa Senhora para demonstrar seu horror ao que considerava uma “devoção de imagens de barro”. O episódio abriu espaço para a maior discussão sobre opção religiosa já vista na televisão. Naquele momento, o perigo que a Igreja Católica previa com o crescimento dessa concorrente neopentecostal tomou proporções de guerra santa. O crescimento das igrejas evangélicas há muito preocupava os católicos. Mas o surgimento da Universal e a visibilidade que ela foi adquirindo se tornaram uma nova força a ser enfrentada. Era também a oportunidade de a Rede Globo dar mais uma estocada na briga que já mantinha com a emissora concorrente. Uma enxurrada de denúncias contra a Igreja Universal começou a aparecer na mídia envolvendo desde a formação de seus pastores, seu método para conseguir dinheiro dos fiéis até a negociação pouco transparente da compra da Rede Record. O auê provocado pelo chute na santa chamou a atenção para o perfil do protestantismo no País e ressaltou o poder do bispo Edir Macedo, que começara com uma igreja num subúrbio carioca e se expandiu pelos EUA, pela Europa e África. A Igreja Universal é a pedra mais reluzente no sapato da Igreja Católica, que teve de mudar sua estratégia no País para não perder mais fiéis.
