Aos sábados, uma fila descomunal se forma na porta do centro espírita kardecista que ele mantém em Uberaba (MG). A intenção dos seguidores é tão-somente apertar a mão do médium mais importante do espiritismo no Brasil – há alguns anos ele não dá consultas. Em quase 70 anos de exercício da caridade, já atendeu a mais de um milhão de pessoas. Sua credibilidade já fez até juiz mudar o veredicto. Em 1979, uma vítima de assassinato voltou “do outro lado” e, pelas mãos do sensitivo, contou detalhes do crime. Inocentou o acusado, que acabara de ser condenado à pena máxima, e ainda revelou a identidade do verdadeiro assassino. Da mesma forma, foi “procurado” também por centenas de poetas e escritores mortos que lhe ditaram livros inteiros. O mais famoso dos quase 200 que publicou é Parnaso do além-túmulo, uma compilação de poesias de 56 poetas, entre eles Castro Alves, Olavo Bilac e Augusto dos Anjos, psicografadas por Xavier. A obra intriga até hoje: nenhum especialista explica a perfeição do estilo de cada um deles. O respeito que envolve sua aura também intriga, mas Chico Xavier soube cultivá-lo, já que é avesso a aparições na mídia e nunca cobrou uma consulta.