As marcas seguintes também vieram no mesmo ano, no espaço de um mês. Em primeiro de junho: 13,05m. Dez dias depois, 14,22m. Na semana seguinte, 42 centímetros a mais: 14,64m. Nada mal para o saltador iniciante Adhemar Ferreira da Silva. Aquele que mais tarde se tornaria o único brasileiro a ganhar duas medalhas de ouro olímpicas estava então com apenas 19 anos. Havia acabado de abandonar a posição de centromédio no futebol de várzea no bairro paulistano da Casa Verde e por incentivo de um amigo decidira aprender a saltar. Com 1,78m de altura e 1,08m de pernas, Adhemar Ferreira treinava apenas de duas a três vezes por semana, na hora do almoço, pois tinha de trabalhar e estudar no restante do dia. Em 1948, aos 20 anos, participou da primeira Olimpíada, em Londres. Ficou em 11º lugar. Na Olimpíada seguinte, disputada em Helsinque, na Finlândia, em 1952, chegou mais confiante e seus saltos entraram para a história. Na sexta tentativa levou a medalha de ouro no salto triplo ao cravar o novo recorde mundial de 16,22m. "Era um dia em que os pássaros cantavam e os anjos andavam no céu", lembra hoje Adhemar, aos 72 anos. Antes de se despedir das pistas, após a quarta Olimpíada (Roma, 1960), o atleta brasileiro alcançou a sua melhor marca em toda a carreira ao saltar 16,56m no Pan-Americano do México, em 1955, e ganhou o ouro nos Jogos Olimpícos da Austrália, em 1956.