Só em 1998, o governo federal começou um processo para o reconhecimento da chacina contra os 111 presos – "todos pretos ou quase pretos" -, em São Paulo, como sendo uma violação dos direitos humanos. No mesmo ano, o governador Mário Covas estudava a indenização das famílias dos detentos assassinados. Nada vai apagar da memória de milhões de brasileiros e da comunidade internacional, contudo, a imagem dos corpos dilacerados pelas balas de metralhadoras e empilhados num oceano de sangue. O que aconteceu no Pavilhão 9 da casa de Detenção, em 1992, foi uma das maiores atrocidades promovidas pela Polícia Militar de São Paulo. A ordem de invasão teve a anuência do secretário de Segurança Pública de então, Pedro Franco de Campos, e do governador do Estado, Luiz Antônio Fleury. Tudo começou com uma briga entre grupos rivais dentro do presídio que ganhou tal proporção a ponto de ser confundida com uma rebelião. O alarme foi tocado e meia hora depois policiais invadiram o local e instalaram o terror. Na versão oficial, os presos teriam reagido com armas de fogo e facas improvisadas. Basta a comparação dos números de vítimas de cada lado. A corporação não perdeu ninguém. Os comandantes envolvidos no extermínio dos presos foram afastados dos cargos, mas nunca foram punidos. Fleury se elegeu deputado federal pelo PTB.