Antes fosse verdade. Desde meados do século passado, quando o ciclo da borracha enriquecia os bolsos europeus, o desmatamento na região vem aumentando a cada ano. Os últimos dados são catastróficos: 12,5% da floresta amazônica já foi destruída pelas queimadas, extração de madeira e garimpos. Mesmo sendo a preocupação de dezenas de ONGs espalhadas pelo mundo, no Brasil, a devastação da Amazônia não tira o sono do governo. Só de alguns poucos ecologistas e líderes seringueiros. O acreano de Xapuri Chico Mendes era um deles, mas sua atuação, embora intensa, durou pouco. Aos 44 anos, foi vítima do descaso brasileiro com as questões ecológicas e da certeza da impunidade que reina fora dos grandes centros. Em 1988, o ganhador do prêmio Global da ONU foi assassinado a mando do fazendeiro Darly Alves da Silva e protagonizou um dos episódios da nossa história recente de maior repercussão internacional. Nem depois da tragédia a fiscalização governamental melhorou. No entanto, a luta de Chico Mendes não foi em vão. Graças a ele, cinco reservas extrativistas foram criadas em 150 mil hectares de floresta.