Foi enterrado no dia seguinte no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Dentro do caixão, o corpo carregava uma vida de glórias, já que Flávio Costa foi um dos mais vitoriosos treinadores do futebol nacional, mas também uma marca indelével: a derrota do Brasil na final da Copa do Mundo de 50. Estigma que dividia com o lateral-esquerdo Bigode e o goleiro Barbosa, para muitos o verdadeiro responsável pelo fracasso histórico. No dia 16 de julho o Maracanã, que havia sido construído às pressas para o Mundial, estava lotado: um público de 200 mil pessoas. Ou melhor, 200 mil brasileiros (quantos uruguaios haveria ali?). Em campo, 21 jogadores e um algoz: Obdulio Varela. O brio e a raça do capitão do Uruguai inverteram a partida. Logo aos dois minutos do segundo tempo Friaça inaugurara o placar para o Brasil, que só precisava de um empate. "Somos campeões", gritava o estádio em uníssono. Obdulio Varela toma aquela derrota parcial como um incentivo. Troca a defesa pelo ataque e, juntamente com Miguez, atormenta os brasileiros. Schiaffino empata o jogo. Aos 34 minutos Obdulio Varela lança Gigghia, que passa por Bigode e marca o gol decisivo na saída de Barbosa. A bola passou entre a trave e o goleiro. A derrota vai marcar gerações e afastar muitos torcedores dos estádios. Era o imponderável.