O país do latifúndio gerou uma legião de destituídos, expulsos do campo para o desemprego na cidade. Dezenas de milhares deles engrossam hoje o Movimento Rural dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), exigindo reforma agrária. Criado em janeiro de 1985, a partir das regras definidas no primeiro Congresso de Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o MST teve sua origem nas Ligas Camponesas, organização liderada por Francisco Julião, que teve forte atuação a favor da reforma agrária, principalmente no Nordeste, no final dos anos 50 e início dos anos 60. A evolução deste tipo de organização, politizada por quadros do PT – de onde saiu inclusive o mentor intelectual do movimento, João Pedro Stédile, economista especializado em problemas agrários -, acabou desaguando no MST. Extremamente organizados e obedientes a uma disciplina quase militar, os sem terra foram responsáveis pela primeira manifestação de porte contra o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 1997, quando marcharam sobre Brasília. Suas ações não raro resvalaram para a violência em invasões de propriedades e saques. Com o bordão "invadir, ocupar, produzir" e seus assentados protegidos do sol e da chuva pela indefectível lona preta, o movimento é parte do cotidiano nacional.


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