Era 27 de janeiro de 1984 e milhares de brasileiros foram à praça da Sé para o que viria a ser a primeira manifestação de porte em favor do restabelecimento das eleições diretas. O movimento capturou corações e mentes. Nunca se venderam tantas camisetas amarelas com a frase "Quero votar pra presidente". Mas o Congresso não aprovou a proposta. Usando o sistema eleitoral imposto pelos militares, a oposição ganhou o poder no Colégio Eleitoral assim mesmo, em janeiro de 1985, com o conciliador governador mineiro Tancredo Neves como cabeça de chapa e José Sarney como vice. A vitória é considerada o marco da redemocratização do País. Tancredo era o primeiro presidente civil depois do regime militar. Mas a transição ainda não fora concluída. Tancredo se sentia doente. Antes da posse foi internado às pressas em Brasília e Sarney subiu a rampa do Planalto em seu lugar. Tancredo havia adiado o tratamento médico, acreditando poder curar-se depois de assumir a Presidência. O engano custou-lhe a vida e impôs à Nação 39 dias de agonia. Ele morreu em 21 de abril, dia de Tiradentes. O Brasil parou para acompanhar o enterro. Com a morte de Tancredo, Sarney assumiu definitivamente o poder e deu início ao processo de desmonte do chamado "entulho autoritário", abrindo o caminho para que a prática democrática se restabelecesse.