O marketing do candidato da UDN funcionou, mas a glória durou pouco. Em sete meses de gestão, o governo Jânio foi um fracasso histórico que abriu caminho para o golpe de 64. Preocupado em moralizar o comportamento dos brasileiros proibindo o biquíni e a briga de galo, Jânio perdeu a credibilidade no Congresso. Em agosto de 1961, renunciou sem dar maiores explicações e deixou o vice, João Goulart (1918-1976), que estava na China, em situação delicada. Jânio talvez esperasse apoio para voltar ao poder num golpe provocado. Ninguém se mexeu por ele. Populista e sindicalista, Jango era a encarnação do demônio aos olhos dos conservadores e a muito custo tomou posse – os militares vetaram sua volta ao País e só facilitaram as coisas depois da instalação de um parlamentarismo capenga. Mesmo dividindo o poder com um primeiro-ministro, lançou o projeto das reformas de base, que incluía a reforma agrária e a intervenção do Estado na economia. Promoveu um plebiscito e retomou os poderes. Em janeiro de 1964, assinou uma lei limitando a remessa de lucros ao Exterior e quebrou a hierarquia ao apoiar uma manifestação de cabos e sargentos. Deposto em 31 de março, exilou-se no Uruguai e só voltou para ser enterrado, em 1976.