Para trabalhar nas indústrias, a mulher não podia se movimentar com as costelas comprimidas. Depois que pôde ver o próprio umbigo, a mulher conseguiu enfim iniciar sua luta para vencer as barreiras domésticas. Ter o próprio dinheiro garantiu maior independência e o passaporte para entrar no mercado de consumo. Abriu a possibilidade de comprar eletrodomésticos que surgiam e aliviar, ainda que superficialmente, as tarefas da casa. A urbanização e a progressiva industrialização permitiram à mulher outros papéis. Não sem resistência. As mulheres casadas precisavam da autorização dos maridos para trabalhar fora de casa, de acordo com o Código Civil da época. E mesmo assim, só se fosse para ajudar no sustento da casa, nunca com o objetivo da realização pessoal. Só que o movimento era irreversível e, além de trabalhadora, a mulher também começava a cobrar seu espaço na vida pública. Em 1922, Berta Lutz funda no Rio de Janeiro a Federação Brasileira pelo Progresso Feminino que inspira várias outras entidades pelo País a buscarem, entre outras aspirações, o direito de voto. O movimento sufragista americano turbina e ajuda a respaldar a ousadia que se exigia então. O destaque das mulheres no meio cultural e artístico confere ao movimento o apoio de intelectuais. Em 1928, em Lajes, no Rio Grande do Norte, era eleita a primeira prefeita do continente, no primeiro pleito em que as mulheres puderam votar. Uma lei de 1932 estabelece de vez o voto feminino.