Quanto custa uma CPI?
Em maio de 2001, o então presidente Fernando Henrique Cardoso sentiu na pele quanto custaria abafar uma mega-CPI sobre corrupção. A lista correu o Senado e 25 senadores assinaram. Ficaram faltando apenas dois. FHC tentou retirar algumas assinaturas. Não conseguiu, no caso de seu ex-ministro da Integração, o senador Fernando Bezerra (PTB-RN), que tinha sido escorraçado do cargo. Bezerra hoje é líder do governo Lula no Congresso. FHC resolveu despachar o líder do PMDB, Renan Calheiros, para convencer José Alencar, então senador pelo partido, a retirar seu nome. Ofereceu o comando do Ministério da Integração. “Renan, pode dizer ao presidente que eu retiro a assinatura e aceito o ministério, mas com uma condição: quero o apoio do presidente para sucedê-lo no Palácio do Planalto.” A barganha – que mostra quanto vale uma CPI na Bolsa do poder – provocou risos, e FHC não aceitou a proposta. Alencar manteve a assinatura. Mas o toma-lá-dá-cá impediu que outros senadores assinassem e a CPI não foi instaurada. Quanto a FHC, não elegeu seu sucessor. Alencar virou vice de Lula. O tempo passou, mas o enredo e os personagens ainda estão aí.

Torcida furtiva

Foi com seu partido, o PT, que José Dirceu ficou mais irritado em todo o episódio do escândalo Waldomiro. Notou que muitos amigos, ex-amigos, proto-amigos e falsos amigos estavam tirando casquinha de sua dor. Especialmente os que, como ele, são possíveis candidatos ao governo
de São Paulo.

Despencou

Já chegaram ao Palácio do Planalto as primeiras pesquisas qualitativas
de opinião pós-Waldomirogate. As classes C e D estão acompanhando atentamente o noticiário a respeito. Significa que a popularidade do governo e do presidente ameaça despencar.

O “competente” Waldomiro

Hoje, o senador Cristovam Buarque (PT-DF) não quer ver nem pintado seu antigo assessor Waldomiro Diniz. Mas quando governador do
Distrito Federal, Cristovam era só elogios. “Gostaria de ter uns três Waldomiros no governo”, chegou a comentar com um assessor do deputado Roberto Freire.

Itamar surpreende

Logo que soube das declarações do presidente do STF, Maurício Corrêa, sugerindo o afastamento temporário do ministro-chefe da Casa Civil, o ex-presidente Itamar Franco telefonou para José Dirceu. Não só hipotecou solidariedade como disse que também telefonaria para o presidente do Supremo, que foi seu ministro da Justiça. Rapidamente Maurício Corrêa procurou a imprensa e voltou atrás em suas declarações.

Rompimento

Comandante da tropa de parlamentares da Igreja Universal do Reino
de Deus, o deputado Bispo Rodrigues caiu em desgraça junto ao
todo-poderoso. Edir Macedo mandou avisar à bancada que pretende destituir o bispo da chefia do grupo.

Endereço perigoso

Na conta que mantém na agência do Banco do Brasil no Congresso, Waldomiro Diniz cadastrou como seu o endereço do apartamento funcional do presidente da Câmara. Explicação de João Paulo Cunha: seu apartamento funcional já foi residência do então deputado José Dirceu.

Rápidas

• A Mesa do Senado deve impedir a instauração da CPI genérica dos bingos. O argumento jurídico acertado com o Palácio do Planalto é que ela não tem um “fato determinado”.

• Novo xerifão de Lula no Palácio do Planalto, desde que Dirceu foi abatido pelo escândalo Waldomiro Diniz. Trata-se do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Luiz Gushiken.

• Russos e suecos têm sobrevoado o Congresso em pleno lobby por seus caças que disputam a licitação da FAB. O prazo de entrega das propostas terminou há mais de dois meses.