A grande esperança da medicina para conter a expansão dos casos de câncer de colo de útero é descobrir uma vacina que proteja contra o papilomavírus humano, o HPV, o principal causador da doença. O vírus possui mais de 100 subtipos, mas alguns deles são mais perigosos. Um estudo confirmou que em 99,7% dos casos deste tipo de tumor registra-se a presença do HPV – a maioria dos subtipos 16 ou 18. Outros subtipos, como o 6 e o 11, causam as indesejáveis verrugas genitais.

Dada a gravidade e a quantidade de pessoas atingidas pelo microorganismo, diversos centros de pesquisa e companhias farmacêuticas estão engajados na pesquisa de vacinas que imunizem contra o vírus. O Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, por exemplo, está testando uma vacina contra o HPV 16 em mulheres na Costa Rica. Além disso, há muitos estudos de vacinas terapêuticas, para tratar as células já infectadas.

Uma das vacinas imunizantes consideradas promissoras começou a ser testada em setembro em vários países, entre eles o Brasil. Trata-se da vacina desenvolvida pelo laboratório MerckSharp & Dohme. Ela é feita com proteínas sintetizadas em laboratório que copiam o revestimento das variedades virais mais importantes associadas ao tumor. O estudo, chamado Future, envolverá mais de dez mil mulheres no mundo.

Jovens – No Brasil, inicialmente 2,4 mil mulheres com idade entre 16 e 23 anos e 15 centros de estudo participarão dos testes. Metade será vacinada com a substância em teste. As outras tomarão uma dose de placebo. “Espera-se que o organismo das mulheres vacinadas acredite estar em contato com o vírus e fabrique os anticorpos necessários para se defender”, diz o ginecologista Wladimir Taborda, que coordena o estudo no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, junto com o infectologista David Lewi. Essa certeza, no entanto, só virá no final dos testes em seres humanos, que devem durar entre quatro e cinco anos.
Nos países em que o número de mulheres com câncer de colo do útero está em declínio, em geral, há uma vigilância eficiente para rastrear o vírus com exames (Papanicolaou, PRC e Captura Híbrida), seguida do tratamento de eventuais lesões existentes. Não é o que acontece no Brasil, onde menos de 10% das mulheres se submetem anualmente ao Papanicolaou. A falta de acesso a médicos ou de cuidados preventivos com a saúde faz com que o diagnóstico muitas vezes ocorra quando a doença já avançou.

Em 2002, a estimativa brasileira é a do surgimento de 17,6 mil novos casos deste gênero de tumor, com a perda de quatro mil vidas.
“ Se a vacina for eficaz, sua aplicação em mulheres que ainda não iniciaram a vida sexual terá grande impacto no controle da doença”, diz Luisa Villa, chefe do Grupo de Virologia do Instituto Ludwig de Pesquisas do Câncer.
Isso poderá acontecer porque a principal via de transmissão do HPV é a relação sexual. Quem quiser participar dos testes deve ter entre 16 e 23 anos e ser saudável. Informações pelo telefone 11 3747-2257 (Hospital Albert Einstein) e no Hospital do Câncer, em São Paulo, no número 11 3277-6291.

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