Desta vez, eles são em maior número. Cada um com sua mutação genética de poderes extra-humanos. Eles são os mutantes do filme X-Men2 (X-Men2, Estados Unidos, 2003) – cartaz nacional na quinta-feira 1º –, sequência da ótima história de 2000 que agora se revela ainda mais avassaladora que a fita anterior. Neste episódio, Logan, ou melhor Wolverine (Hugh Jackman), está ainda mais furioso, mas continua esticando o olho para cima da telepata Jean Grey (Famke Janssen), namorada de Ciclope (James Marsden), cujo olhar a laser desmancha qualquer empecilho. Os fãs também vão se deliciar com o novo penteado de Tempestade (Halle Berry), que domina o clima na Terra, e se embasbacar com a beleza estonteante de Mística (Rebecca Romijn-Stamos), a mutante azul do mal. As novidades ficam por conta da vilã Yuriko Oyama, codinome Deathstrike (Kelly Hu), cujas semelhanças com Wolverine podem ser contadas nos dedos, e do incrível Kurt Wagner, rebatizado Noturno (Alan Cumming). Dono de um rabo pontiagudo como a idealização do demônio, Noturno se teletransporta instantaneamente, é tímido, muito católico e responsável pela sequência de abertura mais espetacular dos últimos tempos. O alvo, acredite, é a Casa Branca.

Novamente dirigido e co-escrito por Bryan Singer, o enredo é mais do que uma sequência, marcando um novo confronto entre o professor Charles Xavier (Patrick Stewart), o mais poderoso dos telepatas, e seu ex-amigo Eric Lensherr, o famoso Magneto (Ian McKellen), ainda detido numa futurista cela de plástico. Xavier luta pela integração pacífica dos homens com os da sua espécie, dirige uma escola para crianças mutantes e é o mentor dos X-Men. Magneto é um sobrevivente de Auschwitz, lidera uma legião de seres malévolos e pretende subjugar a raça humana. O ataque de Noturno à Casa Branca marca a entrada em cena de mais um vilão, William Stryker (Brian Cox), um cientista e general reformado do Exército. A pretexto de neutralizar os mutantes, o ex-militar droga Magneto e o força a contar os segredos do supercomputador Cérebro, manejado exclusivamente pelo Professor Xavier. Como se não bastasse, o misterioso Stryker é dono do segredo da origem de Wolverine, que atormenta o ser troncudo, cujo esqueleto foi forjado pelo metal adamantium, que lhe deu afiadíssimas garras escondidas e sempre prestes a surgir, como as de um gato.

Wolverine, aliás, não é o único mutante com problemas internos. A escola dirigida por Xavier abriga o triângulo amoroso entre Vampira (Anna Paquin), Homem de Gelo (Shawn Ashmore) e Pyro (Aaron Stanford). Ao introduzir tal romantismo, o diretor Synger, além de fazer um contraponto diante da ação constante, obedece aos preceitos da saga criada nos anos 1960 pelo quadrinista Stan Lee, da Marvel Comics, aqui creditado como produtor executivo e igualmente responsável por heróis, como Demolidor, Hulk, Homem-Aranha e muitos outros do mundo dos quadrinhos. Para escapar da confusão criada nas revistas em que os X-Men se reproduzem mais do que pokémons, o cineasta se concentrou apenas em alguns deles. Assim, os personagens não perdem tempo se apresentando. Também é um truque para faturar mais.

Campanha – O primeiro episódio, embora tenha arrecadado cerca de US$ 300 milhões ao redor do mundo, não está entre as 100 maiores bilheterias de todos os tempos. Daí o ímpeto da distribuidora Fox em fazer uma campanha maciça para divulgar a nova produção de US$ 100 milhões, US$ 25 milhões a mais que a anterior. No Brasil, o filme estréia em 420 salas e estão sendo anunciadas promoções nunca vistas, como a parceria com a Gol Linhas Aéreas, que transformou uma de suas aeronaves 737-700 num Jato X-Men2, incluindo ícones dos heróis Wolverine e Tempestade nas portas dos banheiros e fotos dos mutantes nos encostos das cadeiras. Com tanto bombardeio visual é bem provável que o filme se transforme num sucesso. Mesmo porque, não é preciso ser fã dos quadrinhos nem do primeiro episódio para se alinhar como recente admirador destes heróis.


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