Vanessa da Mata (Sony Music) – Se fosse só pelo timbre da voz, que se encaixa com fluência em gêneros variados, a cantora mato-grossense já mereceria redobradas atenções no atual semi-árido universo fonográfico brasileiro. Mas Vanessa se sobressai ao reafirmar em seu disco de estréia o talento como compositora, desabrochado na canção A força que nunca seca, parceria com Chico César, gravada por Maria Bethânia no álbum de mesmo nome, lançado em 1999. Vanessa destila poesia de versos cinematográficos, de apelo pop. Algumas canções exaltam certo parentesco com o samba-rock, como Viagem. Outras têm um viés romântico, a exemplo da valsinha Case-se comigo e da balada Onde ir, parte da trilha sonora da novela global Esperança.
(Celso Fonseca) Ouça com atenção

Up, com Peter Gabriel (Virgin) – Em sua carreira como vocalista e baterista do grupo de rock progressivo Genesis, o inglês Peter Gabriel perpetrou canções de histórias mitológicas, surrealistas, que se encaixavam à perfeição no confeitado som da banda. Nos vôos solos, Gabriel aperfeiçoou sua poesia e a adaptou aos novos tempos musicais em trabalhos revestidos de vanguarda. Agora, dez anos depois de seu último disco de estúdio, ele volta a instigar com canções de estranhamento. Ao contrário do que diz o título em inglês, Up não é um disco para cima. Também não é depressivo. É de difícil assimilação na primeira audição, mas mostra-se bastante criativo depois de se ouvir repetidas vezes suas construções sonoras cheias de percussão e programações eletrônicas, amparadas por letras falando de morte, perdas e solidão “Temer a morte não realça a vida. Só traz sentimentos ruins”, justifica ele. (Apoenan Rodrigues) Ouça com atenção