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INCENTIVO
A depender do perfil do comprador do imóvel,
taxa de juros pode chegar a 8,3% ao ano

Em sua batalha para impulsionar o crescimento da economia brasileira em 2013, o governo federal concedeu mais incentivos ao setor da construção civil. Na terça-feira 15, a Caixa Econômica Federal anunciou a redução de taxas para financiamento de imóveis. Só que, desta vez, para outro público: a classe média. O alvo são os interessados em adquirir casas e apartamentos com valores acima de R$ 500 mil, mantidos à margem do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) ? que permite juros menores e o uso do Fundo de Garantia. Os contratos, que antes eram fechados a taxas anuais de 9,9% a 8,7% ao ano, passaram a ser celebrados a juros de 9,4% até 8,3%, a depender do perfil do cliente. No caso de um financiamento de R$ 600 mil, por exemplo, a mudança pode significar uma economia de aproximadamente R$ 43 mil no período de 30 anos. Para a equipe econômica do Planalto, a iniciativa deve alavancar investimentos e a geração de empregos.

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CAPILARIDADE
De acordo com José Urbano Duarte, vice-presidente da Caixa, o banco quer
ser o principal agente para todas as faixas de renda no crédito imobiliário

Nos últimos anos, líderes do segmento já vinham exercendo pressão junto ao governo federal por uma presença mais ostensiva da Caixa Econômica Federal nos financiamentos de imóveis acima de R$ 500 mil. Atualmente, essa faixa de preços corresponde a aproximadamente 18% do total dos empréstimos do setor no País, segundo dados da Associação Brasileira de Crédito Imobiliário (Abecip). Para se ter uma ideia da evolução, ela correspondia a 12% em 2010 ? um movimento diretamente ligado à disparada no preço médio do metro quadrado ocorrida nos últimos cinco anos no Brasil. Na capital paulista, subiu 160%. No Rio de Janeiro, cresceu cerca de 200%, segundo dados do indice FipeZap. ?Os preços aumentaram muito, e as linhas de financiamento não acompanharam proporcionalmente. Acabou havendo uma defasagem?, explica Claudio Tavares, professor da Universidade de São Paulo (USP). Diante desse quadro, a CEF, que concentra mais de 70% dos financiamentos de imóveis no País, adotava uma estratégia considerada tímida. Para o superintendente de atendimento da imobiliária Lopes, João Henrique, a redução dos juros vai encorajar famílias que compraram um apartamento de um ou dois quartos a trocá-los por outros de três ou quatro. ?Essa diminuição vai ao encontro deste movimento do cliente que melhorou de renda e quer dar um salto para um imóvel maior?, analisa Henrique. Potencializa este desejo, já que os financiamentos bancários correspondem a 80% dos negócios fechados?, complementa.

Mesmo com os cortes anunciados, as taxas de juros cobradas pela Caixa para linhas acima de R$ 500 mil permanecem em patamar similar ao de outras instituições concorrentes. O banco estatal, no entanto, sinaliza que pode promover reduções em financiamento desse valor, assim como fez com o ?Programa Caixa Melhor Crédito? para imóveis enquadrados no Sistema Financeiro de Habitação (SFH) no ano passado. Além de aumentar o volume financeiro ofertado, a instituição baixou os juros em até 21%, passou a financiar gastos com escrituras e ampliou o prazo de pagamento. Em 2012, o volume em contratações de crédito imobiliário da instituição chegou a R$ 101 bilhões, aumento de 33,8% em relação ao mesmo período no ano anterior. ?A Caixa tem um objetivo estratégico. Queremos ser o principal agente para todas as faixas de renda no crédito imobiliário. No Sistema Financeiro de Habitação, já éramos?, declarou José Urbano Duarte, vice-presidente de Habitação e Governo do banco estatal.

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Na estratégia da Caixa Econômica Federal, financiar o sonho da casa própria funcionaria como uma eficaz forma de atrair e fidelizar clientes de renda média e alta. Não à toa, a instituição pretende dobrar este ano para R$ 6 bilhões o montante de empréstimos fechados para aquisições de imóveis acima de R$ 500 mil. Já para seu controlador, o governo federal, aumentar o número de empréstimos para aquisição de imóveis nessa faixa de preço seria uma forma de dar fôlego às construtoras e incorporadoras. Depois de anos de euforia e investimentos com base em projeções que acabaram não se concretizando, elas passaram a lidar com um cenário nada animador: de oferta maior que a demanda. Nessa realidade, não será de estranhar que outra solicitação do setor entre em vigor com a elevação do teto do Sistema Financeiro de Habitação.

Foto: Adriano Machado/AG. ISTOÉ


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