Para os países acostumados politicamente a mudanças radicais impostas por decretos-lei, pode parecer que o presidente americano, Barack Obama, pouco conseguiu ao anunciar na semana passada o seu pacote de 23 medidas restringindo o comércio de armas nos EUA. Engano. Obama se valeu da estratégia de quem mira longe para acertar perto: deixou incólume a democracia ao jogar para a aprovação do Congresso pontos polêmicos como a obrigatoriedade de verificação de antecedentes criminais de todo comprador. Passa assim a ser problema de parlamentares republicanos e democratas mexer num texto constitucional intocável há 224 anos: a Segunda Emenda que fixa os direitos à propriedade. Pesquisas apontam que a maioria dos americanos apoia o presidente, mas jamais aceitaria um ato que não passasse pelo Legislativo. Querer ou não a simpatia da população é agora dor de cabeça dos congressistas. O recado não podia ser mais direto: se nada mudar, a culpa é do Congresso, não dele.


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