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Ao reduzir a taxa de juros nos financiamentos para a compra de imóveis com valores superiores a R$ 500 mil, a Caixa Econômica Federal favorece basicamente dois públicos. Um deles é a tradicional classe média, que não tem o hábito de ser acolhida pelo Estado. São famílias que consomem muito, pagam impostos em demasia e quase nunca usam serviços públicos como educação e saúde, por exemplo. Boa parte desses cidadãos já realizou o sonho da casa própria, mora bem, mas alimenta o desejo de multiplicar o patrimônio. O segundo grupo também atingido de forma positiva – e com certeza o alvo principal da CEF – é a chamada nova classe média. Aqueles que nos últimos anos, favorecidos por um ciclo de crescimento econômico sustentável e uma melhor distribuição de renda, ascenderam alguns andares na pirâmide social. Agora, a nova condição sugere que os apartamentos de um ou dois dormitórios dos conjuntos habitacionais sejam trocados por residências maiores, mais confortáveis e próximas aos centros urbanos. Exatamente aqueles imóveis que, de 2008 para cá, tiveram valorização média de 160% em São Paulo e superior a 200% no Rio de Janeiro, segundo o índice Fipe/Zap, um dos principais termômetros do mercado imobiliário brasileiro.

Trata-se evidentemente de uma democratização do crédito. Os contratos que eram fechados a taxas anuais de 8,7% a 9,9% ao ano passaram a ser celebrados com índices que podem variar de 8,3% a 9,4%, de acordo com o perfil do cliente. Uma redução significativa, mas que ainda permanece acima do que é encontrado em alguns bancos privados. No entanto, a disposição da CEF em entrar para valer nesse mercado que corresponde a aproximadamente 18% dos empréstimos do setor feitos no Brasil, deverá reduzir ainda mais as taxas, tanto nos bancos públicos como nos privados, pois a oferta de recursos será bastante ampliada. Em 2012, a Caixa destinou cerca de R$ 3 bilhões para atender esse público. Em 2013 o plano é chegar a R$ 6 bilhões. Em um país que precisa aumentar o seu ritmo de crescimento, medidas que democratizem o crédito, seja ou não para a aquisição de imóveis, geram um círculo virtuoso, que carrega consigo novos empregos e novos investimentos.


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