O comportamento das células nos organismos vivos, o estudo das proteínas e de partículas subatômicas foram as áreas de pesquisa reconhecidas com o Prêmio Nobel 2002 nas áreas de medicina, química e física. Apesar de parecer campos distantes da realidade, as descobertas garantiram avanços importantes, como a descoberta de medicamentos, uma melhor compreensão das doenças e até um esclarecimento sobre o funcionamento do Sol. O prêmio, inaugurado em 1901 pelo empreendedor sueco Alfred Nobel, distribui o equivalente a US$ 1 milhão entre os vencedores de cada categoria.

Na medicina, a premiação foi concedida às pesquisas com um pequeno verme, o C. elegans. Ao estudar seu desenvolvimento, os cientistas descobriram alguns genes que guiavam a formação de novas células, e outros envolvidos no chamado suicídio celular. Enquanto algumas células do corpo se formam, outras precisam ser destruídas para a criação dos órgãos dos seres vivos, entre eles o ser humano. A descoberta também desvenda a ação de males como o câncer e a Aids. Os vencedores, que trabalharam juntos nos anos 70, foram o inglês John Sulston e os americanos Robert Horvitz e Sydney Brenner, que trabalha em Cambridge, no Reino Unido.

O Nobel de física envolveu o estudo de partículas emitidas por grandes corpos celestes, como o Sol, as estrelas e as galáxias. Dois dos premiados, o americano Raymond Davis Jr. e o japonês Masatoshi Koshiba, identificaram as partículas chamadas neutrinos, que atingem a Terra aos milhões por segundo, vindas do núcleo do Sol. O terceiro vencedor, o italiano Riccardo Giacconi, levou metade do prêmio ao detectar a emissão de raios X no universo.

Em química também foram três ganhadores. John Fenn, dos EUA, Koichi Tanaka, do Japão, e Kurt Wüthrich, da Suíça, criaram novas formas de estudar as minúsculas moléculas contidas nos organismos, entre elas as proteínas. Os métodos revolucionaram a descoberta de novos medicamentos e ajudaram a fazer o diagnóstico precoce de câncer de mama e de próstata.

Os prêmios deste ano para economia valorizaram os cientistas que buscam explicar as motivações psicológicas no mundo dos negócios. Daniel Kahneman, da universidade americana Princeton, usou idéias da psicologia para entender o processo de tomada de decisões nos mercados financeiros. Já Vernon Smith, da Universidade George Mason, nos EUA, foi um dos pioneiros no emprego de testes em laboratório e outras simulações para explicar os processos econômicos. Eles dividirão o prêmio, levando cerca de US$ 500 mil cada.

Troféu inusitado – Outra premiação simultânea ao Nobel, porém mais inusitada, disputou a atenção da comunidade científica. Em vez dos mais brilhantes cérebros, são eleitos os mais atrapalhados. Inaugurado em 1991 e chamado de Ig Nobel, num trocadilho com a palavra ignóbil, o prêmio escolhe os eventos ou as pesquisas mais absurdas dos últimos tempos. Em economia, foram eleitos os executivos americanos de 28 empresas, entre elas Enron, Merrill Lynch e Arthur Andersen. Motivo: eles adaptaram o conceito matemático de números imaginários ao universo dos negócios. O prêmio de biologia foi para um estudo inglês sobre o relacionamento amoroso entre avestruzes e seus criadores humanos. O de física vai dar o que falar. Foi destinado a uma pesquisa que destrinchava as razões científicas para a diminuição da espuma num copo de cerveja.