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Eles são jovens, inteligentes e muito competentes. Fazem parte de uma nova geração de profissionais que, apesar da pouca idade, já se destaca no meio científico com trabalhos e atuações importantes nas áreas da oncologia, cardiologia, pneumologia e diabete. São autores de pesquisas que têm ajudado a ciência a entender, por exemplo, mecanismos sobre o desenvolvimento de doenças como o câncer de boca e processos inflamatórios. Está se falando aqui de brasileiros que são as jovens promessas da medicina.

Uma das representantes desse grupo é a biomédica paulista Juliana Monte Real, 24 anos. No ano passado, ela foi premiada no Congresso Europeu de Doenças Respiratórias por ter identificado o papel de uma proteína presente em lesões pulmonares causadas pela necessidade de ventilação mecânica – procedimento para ajudar na respiração de pacientes graves. Em trabalhos com camundongos, Juliana descobriu que a substância tem papel importante no agravamento da inflamação decorrente dessa forma de ventilação. O próximo passo é confirmar esses achados em humanos. “Se confirmado, poderá abrir caminhos para a criação de estratégias terapêuticas que inibam a ação dessa proteína”, diz ela. O estudo foi orientado, em São Paulo, pela bióloga Adriana Abalen e pelo pneumologista Daniel Deheinzelin, do Hospital A. C. Camargo, especializado em câncer.

Outro pesquisador que vem ganhando destaque é o médico Silvio Reggi, 30 anos, de São Paulo. Ele é o responsável pela adaptação para o Brasil de um questionário da Associação Americana de Diabete para identificar pessoas com propensão a desenvolver a doença. Após responder aos questionários (que classificavam os riscos a partir de uma pontuação), os voluntários faziam exames de sangue. “O estudo mostrou que as pessoas que tiveram alteração em seus exames eram aquelas que haviam atingido uma pontuação de risco”, diz Reggi. O trabalho do médico foi premiado no Brasil e está em estudo para ser incorporado como um método de diagnóstico precoce da enfermidade. Reggi coordenará, agora, o ambulatório de doenças coronárias em pacientes diabéticos no Hospital São Paulo.

O CNPq também criou um programa para financiar pesquisadores que estão iniciando a carreira científica. “É mais uma oportunidade para revelar novos talentos”, diz Marco Antônio Zago, presidente da entidade. Potenciais como o médico Alexandre Siciliano, 34 anos, que, apesar da pouca idade, coordena dois importantes centros no Instituto Nacional de Cardiologia, no Rio de Janeiro: o da cirurgia cardíaca e o de transplante. A formação, concluída no Cleverland Clinic Foundation, nos EUA, o ajudou a se tornar uma referência na área. O jovem médico também se ocupa de outras atividades. Uma delas é a pesquisa que avalia os benefícios da videotoracoscopia, uma nova técnica cirúrgica pouco invasiva indicada para tratar arritmia. “Estou avaliando o impacto desse novo procedimento na qualidade de vida do paciente”.

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Como esses talentos são descobertos? De acordo com a pesquisadora Maria Angélica Miglino, coordenadora do Programa de Iniciação Científica da Universidade de São Paulo, boa parte das universidades brasileiras coloca o universitário em contato com o universo científico. Um desses programas é o de Iniciação Científica, feito em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq). “Todos os estudantes têm contato com esse ambiente de pesquisa, mas só alguns vão além. Nosso papel é descobrir e direcionar esses talentos, oferecendo suporte para que sejam excelentes cientistas”, diz Maria Angélica.

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Os responsáveis pelos programas logo reconhecem quem tem paixão pela ciência. É o caso da cirurgiã-dentista mineira Cláudia Maria Pereira, 36 anos. Ela é autora de um importante estudo que identificou genes envolvidos no surgimento de câncer de boca. “Esse achado pode auxiliar na compreensão dos eventos envolvidos na progressão dessa doença”, diz Cláudia. A conclusão desse trabalho rendeu à pesquisadora o primeiro lugar no First International Academy of Oral Oncology, em Amsterdã, na Holanda.