O acesso às últimas tendências da moda nunca foi tão fácil. Mas estar bem informado não significa necessariamente vestir-se bem. Mais do que exibir o último modelo, a roupa deve estar em harmonia com o tipo físico, estilo e até profissão. Com o objetivo de ajudar os incautos consumidores e mesmo profissionais da moda a cumprir essa tarefa, a mineira Titta Aguiar escreveu o livro Personal stylist – guia para consultores de Imagem, (editora Senac São Paulo, 264 págs., R$ 40). Com 20 anos de experiência como personal stylist, ela quebra o mito de que se vestir bem é estar na moda. “Nem sempre o estilo da pessoa se encaixa na onda do momento”, explica.

Além de cuidar da aparência do cliente, Titta o orienta a se portar no dia-a-dia e em público. Por isso, agrega o título de consultora de imagem. Em seu livro, além das dicas de elegância, ela detalha a profissão de personal stylist. “Ele faz com que as portas do cliente estejam sempre abertas. Adaptam-se as roupas à imagem que se quer projetar. Usa-se a aparência como instrumento de poder.”

A estilista também enriqueceu o livro com depoimentos de colegas. Entre eles, a paulistana Nazareth Amaral, personal stylist do presidente Lula. Num primeiro momento, pode parecer difícil compor o visual de um presidente, mas Nazareth afirma não ter tido problema com Lula. “Ele gosta e sabe se vestir bem. Faz o nó na gravata como poucos”, revela. Claúdio Vaz, que fez escola trabalhando nas melhores lojas de São Paulo, também assessora políticos. Em sua lista estão José Serra, Ciro Gomes e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, entre outros. No livro, ele conta uma curiosa prova de roupa de FHC. “Quando o alfaiate soube para quem era a calça, se emocionou e errou no comprimento. A barra estava na altura das canelas de FHC, que, bem-humorado, perguntou se a moda havia mudado.” Essas histórias esquentam as dicas dos experts e mostram o lado divertido de uma profissão que requer uma boa dose de psicologia e dedicação.

Por isso, quem quiser contratar um personal stylist deve saber que, antes dos conselhos, vem um bom trabalho de avaliação. A primeira atitude do profissional é descobrir o estilo do cliente. Assim, ele checa o tipo de vida e preferências. Definido isso, faz uma análise física e traça estratégias para deixar a silhueta do cliente mais harmoniosa. Para tanto, lança mão de um jogo de tecidos, padrões e modelos (leia quadro). Em seguida, verifica qual cor cai melhor para o tom de pele. “Para facilitar, uso um anel dourado em uma mão e um prata na outra. Quando os aproximo do rosto do cliente, já sei se ele combina com cores frias (prata) ou quentes (dourado)”, conta Titta.

Cumpridos os pré-requisitos, cliente e consultor mergulham no guarda-roupa. O que não se encaixar nas novas propostas sai do armário. O espaço que sobra é preenchido por peças adequadas à nova imagem – compradas com supervisão do personal stylist. Mas não pára aí. O cliente também é presenteado com books recheados de fotos com suas novas produções. “A idéia é facilitar na hora de se vestir”, diz Titta.

Tanto mimo, que pode durar de uma semana a seis meses, não tem valor fechado. O pacote sai em média por R$ 5 mil. Dessa maneira, o cliente aprende todas as ferramentas para manter a elegância – inclusive como equilibrar roupas caras e baratas na hora de compor o guarda-roupa. “Muitas clientes gastam menos depois de nosso trabalho”, afirma Titta.

Se o custo não couber no orçamento, ou se o cliente achar que é capaz de seguir sozinho após a definição de seu estilo, o preço cai para R$ 500. Quem precisar manter uma assessoria, entretanto – feita a cada seis meses –, desembolsará R$ 150 a hora, em média. Neste serviço, são tiradas peças ultrapassadas ou muito usadas. E entram novidades que estejam dentro das tendências internacionais – que em geral duram mais do que uma estação. A elegância tem seu preço.