O governo Lula enfrenta sua primeira grande crise ética. Na quinta-feira 12, o subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, Waldomiro Diniz, subordinado do ministro da Articulação Política, Aldo Rebelo, foi exonerado do cargo por ordem do presidente. Ex-presidente da Loterj nos governos Garotinho e Benedita, Waldomiro, que é ligado ao chefe da Casa Civil, José Dirceu, sucumbiu à acusação de ter recebido dinheiro do jogo do bicho para campanhas eleitorais do PT e de ter pedido propina ao bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. O episódio, ocorrido durante a campanha de 2002, foi filmado pelo bicheiro e publicado pela revista Época.
Não é a primeira vez que o fato é divulgado. Na edição de 2 de julho de 2003, ISTOÉ publicou reportagem revelando as relações de Waldomiro com a turma dos jogos legais ou não, e citando que ele estava sendo investigado pelo Ministério Público por suspeita de envolvimento com a máfia dos bingos eletrônicos. O caso caiu como uma bomba no Congresso. O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Jr. (BA), pediu a saída de Dirceu, afirmando que Waldomiro cumpria ordens do partido. De imediato, os ministros Rebelo e Márcio Thomaz Bastos (Justiça) convocaram entrevista coletiva. “O presidente Lula determinou a abertura de inquérito policial federal para o esclarecimento completo do episódio”, anunciou Rebelo.

No Legislativo, denúncias contra seus integrantes também causam abalos sísmicos. Na terça-feira 10, tomou posse no Senado Elifas Paulo da Silva (PMDB-RO), segundo suplente de Amir Lando, que assumiu o Ministério da Previdência. Elifas substituiu o empresário Mário Calixto, primeiro suplente, expelido 11 dias depois da posse porque o Congresso descobriu que seus direitos políticos tinham sido cassados em outubro pela Justiça Eleitoral. Mas Elifas, que é médico, responde a 17 processos por crimes comuns. Um deles pela morte de um recém-nascido. Também está sendo processado por sonegação fiscal. Se for condenado, perderá o mandato e haverá nova eleição em Rondônia para preencher a vaga. Na Câmara, o deputado Antônio Nogueira (PT-AP) teve seu mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral na sexta-feira 6, por crime eleitoral: é acusado de ter participado de esquema de troca de votos por carteiras de motoristas, no pleito de 2002. A Câmara decide seu destino nesta semana. Se a cassação for confirmada, ele será o primeiro parlamentar petista a perder o mandato por crime eleitoral. A direção do PT vai tentar impedir a cassação de Nogueira, que é pré-candidato a prefeito na cidade de Santana.

 

Queda à vista

Depois de 12 meses balançando, o ministro
dos Transportes, Anderson Adauto (foto), caiu. Só despachará na Esplanada até que o substituto seja empossado. O anúncio de que Adauto deixará a Pasta foi feito por seu padrinho, o vice-presidente José Alencar, na quinta-feira 12. O prefeito de Manaus, Alfredo Nascimento, também do PL, já foi convidado.
O primeiro problema de Adauto, noticiado por ISTOÉ em janeiro de 2003, envolvia-o na pilhagem de R$ 4 milhões numa pequena cidade mineira. Em julho, ele foi acusado de favorecer empreiteiras. Seu próprio partido fez dossiês acusando-o de leniência com a corrupção. Desta vez, quem pôs a boca no trombone foi um subordinado, José Antônio Coutinho. O jornal Correio Braziliense revelou que ele despachou cartas a órgãos de investigação indicando irregularidades nos Transportes. Coutinho caiu na quarta-feira 11. Adauto o seguirá em breve.

Weiller Diniz