Contada por ele, a história até parece uma relação moderna, e a três. “Nunca esquecerei. Ele parecia um príncipe me esperando no Palácio. Com a mulher dele foi amor à primeira vista”, lembra o estilista Ivan Aguilar, 41 anos, mineiro de nascimento e capixaba de coração. O casal em questão? Ninguém menos do que o presidente da República e a primeira-dama. Há mais de um ano, o costureiro se tornou o queridinho dos dois. Não sai mais de Brasília, entre escolhas de tecidos e provas de roupas.

A história começou em 2002. Ivan estava em um vôo de Vitória para São Paulo. Na escala, no Rio de Janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva, então candidato à Presidência e vestido por Ricardo Almeida – um dos estilistas mais badalados do País –, entrou no avião e sentou-se
a seu lado. Ivan sacou lápis e papel do bolso e desenhou Lula de terno, envergando a faixa presidencial. O futuro presidente rebateu: “Lindo, só faltou o telefone.” Ivan foi chamado pela assessoria do candidato, mas, para sua decepção, o encontro não se concretizou. Nesse período, o estilista foi convocado pelo senador Magno Malta (PL/ES) para fazer alguns ternos.

A repaginação do guarda-roupa do senador chamou a atenção dos colegas do Senado (quem disse que só as mulheres reparam nas roupas umas das outras?). Logo, Ivan caiu nas graças dos senadores José Sarney e Aloizio Mercadante. Foi Magno Malta quem, mais tarde, marcou um encontro entre Lula e o estilista. Em setembro de 2003, lá estava Ivan no Palácio da Alvorada, tirando as medidas do presidente. A relação estava selada.

Desde então, ele passou a confeccionar ternos, camisas e gravatas para o presidente e vestidos e tailleurs para Marisa. Ela, aliás, é a única mulher para quem ele desenha. “As roupas de que ela precisa são fáceis de fazer. Faço várias de uma vez porque já tenho as medidas. Depois, vou a Brasília e passamos uma tarde fazendo os ajustes”, conta. “Faço tudo o que eles encomendam. Mas também mando uns presentinhos em forma de retribuição. Às vezes chega um tecido e eu não resisto”, revela.

Antes de se tornar o primeiro-costureiro, Ivan era apenas mais um estilista – de sucesso, é verdade – de Vitória (já tinha vestido gente como Zezé di Camargo e Luciano, por exemplo). Por isso, sua ascensão a queridinho do presidente provocou alfinetadas dos personagens do cenário fashion Rio–São Paulo. Nas rodinhas de conversa, escapam comentários desdenhosos sobre o trabalho do estilista. Alheio às maldades, Ivan Aguilar aproveita os momentos de fama entre visitas ao Palácio.