Vetado, Ciro sente-se traído pelo PT
Anda sorumbático o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes. Seu amigo, o deputado João Hermann (PPS-SP) tem comentado que ele quer abandonar o governo. Se queixa da política econômica e da verba minguada para as enchentes. “Deram R$ 26 milhões para os flagelados e gastam R$ 56 milhões só com o novo avião presidencial”, chegou a reclamar com assessores. Mas o motivo maior do desconforto é outro. No calor da reforma ministerial, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, informou ao PMDB: “Tem um fato novo. O Ciro procurou o presidente Lula e entregou sua pasta para acomodar o PMDB. Ele quer ir para o Ministério do Planejamento.” Depois, chegou aos peemedebistas a informação de que o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, o havia vetado na equipe econômica, e que Ciro se dispôs a ocupar uma pasta da área social. Nada feito. Desta vez, quem vetou foi a direção nacional do PT. Mas o novo líder do PPS na Câmara. Júlio Delgado (MG), acha que vai apagar o incêndio: “Vamos trabalhar para o Ciro ficar e operar propositivamente com o governo.”

Os insensíveis

Logo que voltou da Índia, o presidente Lula perguntou a seu secretário, Gilberto Carvalho: “Quem está tratando das enchentes?” O assessor respondeu que devia ser o ministro da Integração, Ciro Gomes. “Que absoluta insensibilidade destes ministros!” – reclamou Lula, convocando para o dia seguinte uma reunião ministerial para tratar do tema. Na quarta-feira, encheu o Boeing com ministros e voou até o Nordeste. Com Ciro, emburrado, na bagagem.

Vício de origem

Na contramão do ministro Nelson Jobim, o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) é contra o controle externo do Judiciário. Reagiu duro à sugestão de um controle a cargo da Ordem dos Advogados do Brasil: “O presidente da OAB é eleito por 30 votos. É um colégio eleitoral reduzido, produto de uma eleição altamente corrompida. Estes caras é que vão controlar o Judiciário?”

Pepinos

O novo coordenador político do governo, Aldo Rebelo, teve que receber às pressas o governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz. Carregado pelo líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, Roriz ameaçava se filiar ao PSDB e partir para a oposição escancarada ao governo federal. Motivo: órgãos federais controlados pelo PT, como o Ibama, estariam tentando arrumar um jeito de adiar ou suspender todas as obras do governo do Distrito Federal.

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Vôo curto

No Palácio do Planalto já se dá como certo que o presidente Lula deve desistir da compra do novo avião presidencial. Gastar R$ 56 milhões agora será abrir o flanco para críticas do povão. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito a amigos que também quase comprou a aeronave escolhida por Lula. Mas achou que só serviria
para desgastá-lo.

Rápidas

• ACM e Jorge Bornhausen fecharam acordo: Bornhausen finge que não tem nada contra ACM e este finge que José Carlos Aleluia (BA) será líder do PFL na Câmara com suas bênçãos.

• Mas o Palácio já pediu ao PP para ficar de prontidão. Depois das eleições municipais, se não for aceito pelo PMDB, o senador baiano deve se transferir para o partido de Paulo Maluf.

• O ex-deputado Benito Gama deve ser nomeado presidente da Susep. Tirando Benito da disputa pela Prefeitura de Salvador, o governo tem o apoio do PTB ao candidato petista Nelson Pelegrino.

• Governador do Ceará, Lúcio Alcântara não anda feliz com o cacique do seu PSDB no Estado, Tasso Jereissati. Motivo do estranhamento: a escolha do candidato a prefeito de Fortaleza.

• Vice-líder do governo na Câmara, o deputado petista Professor Luizinho tem reclamado no Palácio do novo líder, Miro Teixeira. Este também não está muito satisfeito com o subordinado.


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