Grande aposta da produtora Miramax, Cold mountain (Cold mountain, Estados Unidos, 2003), em cartaz nacional na sexta-feira 13, tinha tudo para ser o grande adversário de O senhor do anéis: o retorno do rei no 76º Oscar. Apesar da sete indicações – incluídas as de melhor ator (Jude Law) e de atriz coadjuvante (Renée Zellweger) -, as razões do desempenho decepcionante não se encontram apenas no flerte dos acadêmicos de Hollywood com a diversidade mundial que tomou conta desta edição do Oscar. O épico romântico de Anthony Minghella é daquelas obras com defeitos e qualidades suficientes para afastar unanimidades. Ostentando os U$ 83 milhões gastos na produção, o filme se inicia como uma portentosa reconstituição da batalha de Fredericksburg, momento-chave da Guerra da Secessão. Mas sob a capa de filme bélico, se articula uma história de amor entre Inman, o soldado confederado vivido por Law, e Ada, a fazendeira órfã encarnada por Nicole Kidman. Separados pela guerra, o enredo centra-se no longo caminho de volta de Inman, que foge ferido de uma enfermaria e segue a pé em busca da amada. Ao atravessar o Sul dos Estados Unidos em direção à Carolina do Norte, o soldado encontra negros fugitivos, um pastor fogoso, uma viúva de guerra. É um bom retrato do caos instalado nos estertores de qualquer guerra. Mas Minghella não consegue alinhavar todas a pontas da narrativa – que inclui a atuação engraçadíssima de Renée Zellweger como a rústica Ruby – e lances de vingança que parecem saídos de um faroeste simplório.