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Depois de o vice-presidente, Nicolás Maduro, afirmar que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, está consciente da complexidade de seu estado de saúde, cada vez mais chavistas já aventam a possibilidade de um futuro sem o chefe de Estado recentemente reeleito, mas sem condições de assumir o novo mandato em 10 de janeiro.

"O povo da Venezuela seguirá marcando a pauta desta revolução mesmo que percamos uma liderança", afirmou à AFP Miguel, porta-voz de um dos conselhos comunitários do popular bairro de 23 de janeiro, reduto do chavismo em Caracas.

Os chavistas estão nitidamente começando a perder o medo de falar da presidência sem Chávez, hospitalizado há três semanas em Havana depois da quarta operação contra um câncer misterioso. Também parecem dispostos a assumir um papel protagonista para levar avante os projetos do presidente.

"O povo, as classes oprimidas, vão assumir o mandato para continuar com a mudança traçada por Chávez", enfatiza Miguel. Mas este arquivista do Poder Judicial, que dedica todas as tardes e fins de semana a atender aos problemas dos vizinhos e coordenar atividades no bairro, nega que a Venezuela vá ficar sem Chávez, de 58 anos.

"O povo vê Chávez invencível. Chávez voltará. Veremos nosso comandante Chávez saudável, veremos nosso comandante Chávez livre de todo mal e hoje o esperamos com muito entusiasmo", enfatiza Miguel, 35 anos, que se mostra orgulhoso da transformação que seu bairro experimenta desde que Chávez chegou ao poder, há 14 anos.

Segundo ele, o projeto revolucionário deve prosseguir e declara com firmeza que apoiará a continuidade do chavismo na figura do vice-presidente Nicolás Maduro, a quem Chávez designou como sucessor. "A decisão do comandante Chávez vai ser respeitada", ressaltou.

Da mesma forma pensa Elisabeth Torres, uma vendedora de doces de 50 anos. "Vamos continuar como ele disse. Vamos continuar contando com o apoio da pessoa que ele deixar à frente do país", assegura. "Assim como confiamos em Chávez, temos de confiar na pessoa que suceder o presidente".

A vendedora diz que não poderia ser mais grata a Chávez, uma vez que há dez meses conseguiu do governo um quiosque para deixar de ser ambulante. Torres diz ainda que vive num bairro em que todos são um grupo "graças a nosso presidente". "Sofro muito. Todos os dias peço a Deus que não o deixe partir", confessa, com a voz embargada e lágrimas nos olhos.

Entre os chavistas, reina a convicção de que Chávez é imortal e que logo voltará à Venezuela, curado. "Meu comandante vai voltar novamente para tomar posse", assegura Alexander Franco, um assistente social.

Da mesma maneira se expressa Gustavo Márquez, que reivindica que o otimismo é uma das características do chavismo. "Por isso, nós não achamos que Chávez vai nos faltar. Ele vai estar sempre conosco".

Para Miguel, a doença de Chávez é apenas "uma pedra a mais no caminho". "Chávez é o futuro", conclui.