Chocolate está presente em vários momentos especiais. No Dia dos Namorados, no aniversário das crianças ou na hora de presentear o amigo, ele é sempre lembrado. Por causa disso, a guloseima está associada a carinho e afeto. Não por acaso, é comum ver filmes no qual a mocinha devora bombons e mais bombons ao terminar um namoro. É uma maneira de amenizar a carência afetiva. Uma pesquisa do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC/SP) comprova esse poder. O trabalho, coordenado pelo psiquiatra Arthur Kaufman, do Instituto de Psiquiatria do HC/SP, mostra que o doce não só aplaca a carência como também alivia a depressão e a ansiedade.

O trabalho foi feito a partir da análise do comportamento de 73 voluntários, 48% deles fanáticos pela guloseima. Entre esse grupo, havia indivíduos que chegavam a consumir entre 100 e 500 gramas por dia e, nos momentos de compulsão, até um quilo. Muito além do limite diário recomendado, estabelecido em trinta gramas (equivalente a uma barra pequena). Ingerido em excesso, o alimento pode aumentar o mau colesterol e contribuir para o aumento de peso.

Os participantes do estudo frequentaram reuniões nas quais era colocada, no meio da roda, uma bandeja repleta de chocolates cedidos pela doceria Ofner, de São Paulo. Eles comiam à vontade e contavam aos pesquisadores o que sentiam. Cerca de 26% relataram que tinham culpa após devorar o chocolate, e 22% compararam a sensação de saborear o doce ao prazer sexual.

Muitos dos consumidores compulsivos, no entanto, admitiram que estavam recorrendo ao alimento porque se sentiam carentes. Tem lógica. “Comer chocolate é uma maneira de atenuar esse sentimento pois, para muita gente, o doce dá a sensação de aconchego”, explica Kaufman. Os que abusavam da voracidade contaram ainda que a depressão e a ansiedade são outros fatores responsáveis pela vontade incontrolável de ingerir as barrinhas açucaradas.

A explicação para essa dependência pode estar no fato de o chocolate conter uma associação de substâncias – xantina, triptofano, magnésio, teobromina e cafeína. Essa combinação estimula a produção de serotonina, composto ligado ao processamento das emoções que também contribui para uma gostosa sensação de bem-estar. Por causa disso, é difícil parar apenas em um pedaço, principalmente quando se está deprimido ou ansioso. “A tendência é a pessoa aumentar a porção para conquistar mais prazer”, diz Cristiane Ruiz Durante, nutricionista e integrante da equipe responsável pelo trabalho.

É claro que quem ingere diariamente apenas 30 gramas de chocolate também se beneficia. É o caso da atriz Adressa Koetz, 20 anos, que adora a guloseima. Geralmente, ela consome pelo menos uma barrinha por dia. A atriz gosta ainda de saborear pratos feitos com o doce – crepes, por exemplo. “Como por prazer, mas não exagero na quantidade”, conta. Adressa está certa. Dessa maneira, ela aproveita o doce alívio sem prejudicar a saúde.