Serão 11 para cada lado, como sempre, mas as expectativas da decisão da Copa 2002 estarão voltadas principalmente para alguns jogadores especiais de Brasil e Alemanha. Nos dois times há atletas de talento, de quem o torcedor espera sempre algo mais. Na seleção alemã, chamam atenção o ágil goleiro Oliver Kahn, o combativo volante Hamann, o frio artilheiro Miroslav Klose e o habilidoso Oliver Neuville.
No grupo canarinho, a força de Roberto Carlos, os lampejos geniais de Rivaldo, os dribles de Ronaldinho Gaúcho e as arrancadas de Ronaldo podem fazer a diferença. Cada uma ao seu estilo – os alemães com força e aplicação e os brasileiros com velocidade e talento –, as duas seleções deixam no ar a expectativa de um jogo cheio de lances bonitos e emocionantes. Craques não vão faltar aos dois times.

Na nossa seleção, o destaque maior é mesmo Ronaldo. Depois de passar dois anos empenhado na sofrida recuperação da contusão do joelho direito, o Fenômeno chegou à Copa longe de suas melhores condições físicas e sob a desconfiança da torcida. Por pouco não enfrentou a Turquia por causa de dores musculares. Teve uma atuação apagada no primeiro tempo e deixou escapar bolas fáceis em dois ou três lances, a ponto de levar comentaristas de rádio e tevê a defender de forma veemente a sua substituição no intervalo. Felizmente, Felipão pensava de forma diferente. Entra em campo para a decisão à frente da artilharia da competição, com seis gols.

Seu companheiro de ataque, Rivaldo, é, ao lado do alemão Klose, um dos concorrentes na luta pelo título de artilheiro. Marcou cinco gols e foi escolhido pela Fifa como o melhor atleta em quatro jogos da Seleção Brasileira. Tem boas chances de ser escolhido o melhor jogador do torneio, um desempenho que vai ao encontro da previsão de vários especialistas que criticaram o atacante do Barcelona nos amistosos da Seleção Brasileira. “Quero poder ajudar o Brasil a ser campeão; o resto não importa”, afirmou Rivaldo.

Outro de nossos quatro “r” que está em estado de graça é Roberto Carlos. Tem mostrado a determinação de sempre na marcação, a costumeira potência no apoio ao ataque e já marcou um gol de falta no torneio. Acabou sendo incluído entre os melhores jogadores de todos os tempos por internautas que opinaram em uma pesquisa organizada pela Fifa. “Mas o maior objetivo é a conquista do título. Isso sim vai me deixar realizado”, comenta. Para completar o quarteto de estrelas, a torcida ficará de olhos colados em Ronaldinho Gaúcho, que não participou do jogo contra a Turquia. Na partida contra a Inglaterra, ele foi do céu ao inferno. Fez uma arrancada fulminante e deu um passe preciso para Rivaldo marcar o primeiro gol. Depois, cobrou com categoria a falta, encobrindo o goleiro Seaman no segundo gol. Poucos minutos depois, foi expulso por uma falta desnecessária. A final da Copa é o momento ideal para o jogador do Paris Saint-Germain usar seus dribles para se afirmar como craque incontestável. Assim, vai confirmar a profecia de seu irmão mais velho, o meia Assis, um dos jogadores importantes do Grêmio no final dos anos 80. “Não sei por que atraio tanta atenção. O melhor jogador da família é meu irmão menor”, dizia, quando Ronaldinho ainda era uma criança. Os quatro “r” estão na lista dos 33 melhores jogadores da Copa 2002, ao lado do goleiro Marcos e do lateral-direito Cafu.

A Alemanha também tem suas armas: Oliver Kahn, Miroslav Klose, Dietmar Hamann e Oliver Neuville. O principal destaque está na defesa. É o excelente goleiro Kahn, um atleta que consegue aliar estatura à agilidade. Com justiça, é considerado o melhor do mundo e foi um dos principais responsáveis pelo fato de a Alemanha ter chegado à decisão com a defesa menos vazada. Geralmente exibindo expressão carrancuda, o goleiro diz que está preparado para o que der e vier. “Uma final é algo especial. Como já joguei muitas, sei que tudo é possível.” O esguio atacante Klose, nascido na Polônia, mostrou nessa Copa o quanto é perigoso. Rápido e objetivo, nem precisou mostrar seu talento com os pés para chegar à vice-artilharia. Fez todos os seus cinco gols de cabeça. “Estou surpreso, já que essa não é a minha especialidade”, desdenha. Ele espera que a sua equipe repita o desempenho que teve contra a Coréia, o que considera suficiente para superar os brasileiros. Por sorte, Ballack, o carrasco da Coréia, não estará em campo, por ter levado o segundo cartão amarelo. Mas é preciso atenção com o volante Hamann, que exibe impressionante disposição para desarmar as jogadas, e com o incansável meia Oliver Neuville. Nesse confronto inédito, Brasil e Alemanha deverão confirmar suas vocações. O nosso time com o estilo criativo e talentoso e os alemães como legítimos representantes do futebol-força. Dos dois lados, craques à altura desse momento histórico. Que o talento canarinho supere a força.