Um dos esportes nacionais preferidos, mais até que o próprio futebol, é xingar o técnico da Seleção. Foi assim com Feola em 1958. Responsável pelo nosso primeiro título mundial, ele era acusado de dormir no banco e de não ter pulso. Em 1962 fomos para o Chile sob o comando de Aymoré Moreira, que levou na bagagem a acusação de escalar um time ultrapassado e de ser pior que seu irmão Zezé, considerado o grande gênio da família. Apesar disso, ele trouxe o bicampeonato.

Em 1970, o Brasil conseguiu um fantástico tricampeonato no México. Mas para a opinião pública, devidamente instigada pela mídia, a maior qualidade de Zagallo, o técnico, era ter sido um medíocre ponta-esquerda. Embora vencedor nato, a carreira de Zagallo foi um inferno. É dele a frase “Vocês vão ter que me engolir”, vociferada contra a imprensa esportiva, logo após a conquista do título da Copa América na Bolívia, em 1997.

Outro alvo da ira nacional foi Carlos Alberto Parreira, que cometeu a proeza de conseguir o tetracampeonato mundial nos Estados Unidos, em 1994, apesar de ser acusado de burocrata. Parreira só conseguiu resgatar o devido reconhecimento agora, como técnico do Corinthians.

Sobre Luiz Felipe Scolari, o técnico da vez, já se falou de tudo. Ele não é elegante, não usa gravata, suas comemorações são muito espalhafatosas, é muito mal-humorado e briga com a imprensa. Tudo isso e muito mais. Não levou Romário, teima em jogar com três zagueiros, não escala Ricardinho. E ele é teimoso. Muito teimoso. Não fosse ele teimoso, Ronaldinho, que jogou muito mal no primeiro tempo contra a Turquia, não teria voltado para o segundo. E, muito provavelmente, a Seleção não disputaria a final com a Alemanha. Santa teimosia!