As grandes empresas estão mudando seu organograma. Têm marketing, finanças, recursos humanos e tecnologia, ao lado de uma invenção americana – o voluntariado empresarial (corporate volunteerism) ou a união de recursos técnicos e financeiros da empresa ao trabalho e talento dos funcionários para melhorar a vida da comunidade. Tenha a denominação que tiver no organograma, a prática, que já vigora no Brasil em algumas grandes empresas há mais de dez anos, ganhou fôlego, novos adeptos e, agora, uma espécie de bíblia, o livro Voluntariado na empresa – gestão eficiente da participação cidadã (Sesi/MG e Editora Fundação Peirópolis) assinada pelo jornalista Barnabé Medeiros Filho e pela diretora executiva dos Voluntários das Gerais, a argentina Mónica Beatriz Galiano Corullón.

A obra é oportuna: mais e mais empresas implantam programas internos de apoio às ações voluntárias de seus funcionários. É útil: traça um amplo panorama do tema, incluindo um guia prático sobre como montar programas nas empresas, além de conter materiais para consulta e aplicação. E também é estimulante ao mostrar que empresas de qualquer porte e de qualquer setor podem ter programas eficientes. “Uma grande companhia provavelmente irá apoiá-los com mais recursos. Em compensação, uma pequena poderá contar mais facilmente com a liderança direta do empresário”, dizem os autores. O que vale para todos, porém, são algumas regras sagradas num programa de voluntariado. O fato de não ser compulsório, por exemplo: participa quem quiser. Outro ponto crucial: não é um programa autoritário, ou seja, o programa precisa se instalar num espaço democrático no qual os voluntários possam influir nas decisões. E, regra de ouro: não usar as ações do voluntariado como autopromoção. Isso não significa que a imagem e os negócios das empresas não se beneficiam. O pecado fatal é usar a visibilidade como objetivo. O descrédito, neste caso, vem a galope.