Adepto da linha tecno retrô, que veste de modernidade clássicos da MPB, o cantor e baterista mantém a fórmula neste terceiro trabalho, o segundo dividido com o pai, César Camargo Mariano, pioneiro e sobrevivente do samba sintetizado. Seus arranjos vocais e instrumentais funcionam como moldura ideal para a voz de Mariano, de uma precisão cirúrgica em termos de afinação e bossa, mas anasalada e cheia de maneirismos, a exemplo dos cantores brasileiros de soul music dos anos 70. Assim, sucessos como De repente (Lulu Santos), Preciso dizer que te amo (Cazuza, Dé e Bebel Gilberto) e Você vai ver (Tom Jobim) – em vocais divididos com Zélia Duncan – soam tão novos quanto as recentes Intuição (Otavio de Moraes e Daniella Monaco) e O amor se acaba (Jair Oliveira). Confiante, Pedro Mariano também encarou com sucesso 20 anos blues (Sueli Costa e Victor Martins), do repertório de sua mãe, Elis Regina. A música pertence ao disco Elis, de 1972, que, entre outras, trazia Águas de março, Cais, Bala com bala, Casa no campo e Atrás da porta. Hoje, o álbum parece uma coletânea, mas é apenas o produto de um período infinitamente mais fértil da MPB. (L.C.)
Ouça sem parar