O cartunista Paulo Caruso – autor das charges semanalmente publicadas na última página de ISTOÉ – percebeu que as eleições brasileiras são como uma corrida de cavalos, com jóqueis envergando roupas coloridas, no caso cores partidárias, e montando puros-sangues bravios. A exemplo do turfe, a política exige o momento de segurar as rédeas, para depois se lançar em desabalado galope até atropelar os adversários. Tal páreo, na visão bem-humorada e crítica de Caruso, começou há dois anos, quando os primeiros dados da sucessão de Fernando Henrique Cardoso foram lançados. Desde então, em suas charges publicadas no jornal Folha de S.Paulo, o cartunista começou a desenhar o que resultou na exposição O grande prêmio Brasil – no galope do Ibope, que reúne 50 trabalhos emoldurados à moda dos quadros de caça da época da belle époque. A mostra não poderia acontecer em lugar mais apropriado: o salão nobre do Jockey Club de São Paulo, onde permanece da segunda-feira 21 até o sábado 26. Durante o evento, avisa Caruso, os visitantes poderão fazer uma fezinha nos cavalos.

Na sexta-feira 8, a mesma exposição segue para o Hipódromo da Gávea, no Rio de Janeiro, com um desenho a mais: o do “jóquei” vencedor, posando com o troféu, como naquelas fotos clássicas ao final de cada Grande Prêmio. A metáfora das corridas é perfeita para interpretar a evolução da disputa presidencial, que chega ao final com dois concorrentes tendo como espectador privilegiado o presidente Fernando Henrique Cardoso, desenhado pelo cartunista como um senhor engalanado, que assiste a tudo de camarote. Mas a divertida contenda retratada pelo traço peculiar de Paulo Caruso não privilegia apenas os candidatos José Serra e Luiz Inácio Lula da Silva. Sua pena também não perdoa o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho – que surge em seu pequeno pônei, vestindo uma roupa rosinha com bolinhas – nem a senadora eleita Roseana Sarney, que na corrida presidencial despontou com sua égua Ilha do Pericumã fazendo muita poeira, mas acabou de fora, tropeçando no escândalo da empresa Lunus. E, finalmente, montado numa zebra lépida, aparece ninguém menos que o barbudão Enéas, o deputado federal mais votado do País. Política é mesmo uma comédia.