Semana passada, Cláudia Raia foi levar o filho Enzo, cinco anos, ao parquinho da lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio de Janeiro. Mal chegou foi interpelada por uma menina de três anos, que gritava: “Tia, tia, seu olho não é branco!” Em seguida pediu à atriz para arreganhar a boca. “Ué, você não tem dentes compridos”, completou. Motivos para constatações um tanto estranhas não faltam. Cláudia Raia está em sua melhor forma na pele da sensual e malévola vampira Mina, da novela global das sete, O beijo do vampiro, papel que lhe tem rendido tantos elogios quanto a ótima encarnação do transexual Ramona, de As filhas da mãe, ou da lésbica Tonhão, do extinto TV Pirata. Sorte dela, porque O beijo do vampiro não fazia parte de seus planos até não resistir ao convite do autor Antonio Calmon. Um agradável acidente de percurso, no entanto, quase atrapalha sua participação. Com três meses de atraso, ela descobriu que estava grávida. Mesmo assim, Calmon bancou a proposta e adaptou a trama ao futuro barrigão da atriz. “Eu só compus a canção. Quem canta é a Cláudia. Ela conseguiu uma das coisas mais difíceis, que é a unanimidade”, elogia o autor.

Quem sai ganhando são os espectadores, que ainda vão se divertir muito com os trejeitos de uma vampira grávida. “Ela vai começar a beber mais leite do que sangue e a se irritar com a própria maldade”, diz Cláudia, que se inspirou em personagens de filmes de Walt Disney para compor a personagem, entre elas a impagável Cruela Cruel, de 101 dálmatas. Logo, logo, o bebê em formação começará a interagir com a mamãe-vampira que envelhece centenas de anos todas as vezes que cai em depressão depois de ser rejeitada por Boris, o vampiro-personagem de Tarcísio Meira. Na vida real, a mãe até se esquece que carrega uma criança, uma menina ainda sem nome. Não sente enjôo e continua malhando com parcimônia sob orientação do personal trainer Antônio Mendes.

A vocação materna desta paulista de Campinas se manifesta em todos os aspectos. Em breve, ela planeja voltar a uma rigorosa dieta para turbinar seu leite como fez com Enzo, que mamou no peito por mais de um ano. Só não pode fazer partos normais porque a forte musculatura pélvica de bailarina a impede de ter a dilatação necessária. O retorno ao corpo escultural mantido aos 35 anos também não é uma preocupação. Na primeira gravidez ela engordou 11 quilos, perdeu nove após o parto e os dois restantes se foram em duas semanas. Apesar de ser capaz de comer uma leitoa, Cláudia guarda a seu favor a aversão a doces, massas e bebidas alcoólicas. Também não tem desejos estrambólicos. O marido, Edson Celulari, com quem está casada há 11 anos, dá graças a Deus. “Encontrei meu príncipe encantado”, suspira ela, referindo-se ao galã de 44 anos.

Diva – Por enquanto, sua idéia é atuar na novela até dezembro.Vai requerer do autor mudanças na personagem, já que o folhetim deve terminar em março. Até lá, a vampira que adora maquiagem e figurinos excessivos manterá a fusão de humor, sensualidade e maldade que tanto tem divertido a própria atriz e principalmente o público adolescente, fã dos efeitos especiais e do clima ropositadamente trash impresso pelo autor. Vocação para diva Cláudia Raia tem desde a infância, conforme segreda a mãe, Odete. “Ela queria ser a melhor bailarina clássica do mundo, mas cresceu demais (tem 1,80m) e não encontrava parceiros”, conta Odete. “ Então, teve de partir para outros tipos de dança.” Trilhou o caminho certo.