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O governo israelense deu sinal verde para a fase inicial de um projeto que prevê a criação de uma colônia de 6 mil casas em um importante bloco de assentamentos na Cisjordânia ocupada, afirmou nesta quinta-feira (20) um líder dos colonos, em um novo anúncio de extensão da colonização israelense em territórios palestinos, que motiva fortes críticas no plano internacional.
 
"Depois de muitos anos, nos sentimos felizes por poder anunciar que o governo de Israel decidiu criar uma cidade no Gush Etzion", afirmou à AFP David Perel, chefe do conselho regional deste importante bloco de colônias situado a oeste da cidade palestina de Belém.
 
Nabil Abu Rudeina, porta-voz da presidência palestina, reagiu advertindo que "os colonos e o governo israelense devem saber que deverão se responsabilizar" e lembrou que o status de Estado observador obtido pela Palestina na ONU lhe permite recorrer perante as instâncias judiciais internacionais.
 
Hagit Ofran, porta-voz da Paz Agora, uma ONG israelense anticolonização, confirmou o anúncio. "Não se trata de mais um assentamento: 6.000 unidades podem alojar 25.000 pessoas. Talvez não seja tão grande quanto uma cidade, mas, tratando-se de um assentamento, é enorme", declarou à AFP.
 
Agora que começou a fase inicial, o público poderá emitir objeções a este projeto que tem por objetivo conectar o bloco de colônias de Gush Etzion e o sul de Jerusalém, disse Ofran. Para ela, "a mensagem que isto transmite é que Israel não está levando em conta a solução dos dois Estados. Significa que será muito mais difícil separar a terra (em caso de acordo de paz) com uma cidade ali", acrescentou.
 
Este novo anúncio ocorreu em uma semana na qual o Estado de Israel deu vários avisos sobre novas zonas em territórios que a comunidade internacional não considera israelenses (Cisjordânia ou Jerusalém Oriental).
 
Efetivamente, as autoridades de Israel, envolvidas em uma campanha eleitoral, anunciaram nos últimos dias muitos projetos para a construção de milhares de casas nos bairros de colonização em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada, apesar das condenações internacionais.
 
O município israelense de Jerusalém aprovou na quarta-feira um projeto para a construção de 2.610 casas no bairro de colonização judia de Givat Hamatos, situado no sul do setor oriental da cidade. Este seria, se o projeto prosperar, o primeiro bairro de colonização israelense criado em Jerusalém Oriental em 15 anos, ressaltam as organizações de defesa dos Direitos Humanos.
 
Além disso, o ministério israelense da Habitação publicou as licitações para 1.048 novas casas nas colônias da Cisjordânia e Jerusalém Oriental, num momento em que a comissão de planejamento do distrito de Jerusalém tinha agendada uma reunião nesta quinta-feira para examinar a construção de 1.100 casas adicionais no bairro de colonização de Gilo, também situado em Jerusalém Oriental.
 
Na segunda-feira passada, o ministério do Interior israelense havia autorizado a controversa construção de 1.500 casas em Ramat Shlomo, um bairro de colonização em Jerusalém Oriental, um projeto que os Estados Unidos já haviam condenado em 2010.
 
Todo o Conselho de Segurança da ONU, com exceção dos Estados Unidos, pediu a Israel que renuncie aos seus projetos de colônias.
Em declarações separadas, os quatro países europeus do Conselho (França, Grã-Bretanha, Portugal e Alemanha), oito países não alinhados (Azerbaijão, Colômbia, Guatemala, Índia, Marrocos, Paquistão, África do Sul e Togo), assim como Rússia e China afirmaram que estas iniciativas são ilegais e ameaçam qualquer possibilidade de relançar as negociações para instaurar dois Estados que coexistam em paz.