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RETRATOS
Monte Sharp fotografado pelo robô Curiosity em Marte.
Abaixo, pontos onde foi encontrado gelo no polo norte de Mercúrio

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Nunca fomos tão longe e vimos com tanta precisão como em 2012. Nesse período, o robô Curiosity pousou em Marte, mandou imagens surpreendentes e revelou paisagens e cantos desconhecidos do nosso vizinho. Em outra frente de exploração espacial, as sondas Voyager tornaram-se os primeiros objetos concebidos pelo homem a deixar os confins do Sistema Solar. Por fim, no mês passado, a Nasa confirmou a hipótese de que há gelo em Mercúrio, além de ter encontrado indícios de matéria orgânica nos polos do astro. Apesar de tantas conquistas a comemorar e de tantos investimentos, a ciência ainda não respondeu a uma de nossas maiores inquietações: estamos sós?

No final de novembro, o geólogo John Grotzinger, envolvido no projeto Curiosity, concentrou a atenção da comunidade científica. Declarou que a agência espacial americana tinha informações sobre Marte que iriam ?mudar os livros de história?. A expectativa era de que os cientistas anunciassem indícios de vida microbiana no planeta. O balde de água fria veio quando a Nasa apenas declarou que encontrou compostos de cloro que talvez contenham também carbono, um dos ingredientes básicos da vida. E esse carbono poderia até ter sido transportado pelo próprio Curiosity.

Muitos se perguntam se vale a pena gastar US$ 2,5 bilhões em uma missão como essa, quando há tantos problemas a serem resolvidos aqui mesmo na Terra. Para cientistas como o brasileiro Ramon de Paula, responsável na Nasa pelas sondas Odissey e Mars Reconnaissance Orbiter, a resposta é positiva. ?Marte e Terra eram muito parecidos há milhões de anos. É importante saber o que aconteceu com a água que havia lá. Esse projeto vai gerar conhecimento que pode ajudar a proteger o meio ambiente do nosso planeta.? Ou seja, ao procurar seres vivos lá fora, podemos esticar a vida por aqui.

Foto: NASA/JPL-Caltech/MSSS