16/04/2008 - 10:00
Cesar Maia responde: "Por que não? Eu estou num navio, as pessoas caem no mar, salvo a vida de 30 e sai nos jornais a notícia. Sou um herói e até em Sergipe as pessoas vão dizer: Você teve coragem, se jogou no mar.’"
Imagine agora o prefeito do Rio de Janeiro num navio. Uma embarcação infestada de mosquitos, onde 57 mil pessoas são contaminadas pela dengue e 47 morrem – entre elas, várias crianças. O que faz o comandante? Abandona o leme, esconde-se na casa de máquinas e, coberto de repelente dos pés ao pescoço, começa a disparar mensagens aos tripulantes: "Dengue em Aracaju", "Dengue em Salvador"!
Parece fantasia, mas é a realidade. A entrevista de Cesar Maia foi concedida no início do ano ao jornal Valor Econômico. Logo depois, com o Rio tomado pelo Aedes aegypti, o prefeito sumiu. Refugiou-se no que chama de "ex-blog" e passou a governar a Cidade Maravilhosa de um laptop. Nos seus devaneios diários, ele já negou a epidemia, já "federalizou" o mosquito e também vem apontando casos da doença em outras capitais, como se isso diminuísse sua responsabilidade. Se Maia fosse um salva-vidas do Posto 9, em Ipanema, as pessoas morreriam afogadas. Como é o alcaide alienado da segunda metrópole do País, elas morrem de dengue.
No passado, Cesar Maia era tratado, de um jeito até carinhoso, como o "prefeito maluquinho". Ele criou a teoria dos factóides, tentou comprar sorvete em açougues e incitou uma revolta contra os ponteiros do horário de verão. Depois, começou a posar de estrategista político. Novamente, um fiasco. Maia liderou a desastrada troca de nome do seu partido, de PFL para DEM, e colocou o filho Rodrigo Maia na presidência. Entre as "sacadas" da dupla, há ações judiciais contra o Bolsa Família e a política de cotas para negros nas universidades. Nada mais natural, portanto, que o demófobo DEM já seja tratado como um partido em extinção.
O prefeito do Rio sabe que jamais chegará à Presidência da República. Em 2010, tentará ser vice na chapa de José Serra. Mas, se o governador de São Paulo, que também já foi chamado de ministro da dengue, tiver algum juízo, abortará a idéia. Afinal, até mesmo em Sergipe Cesar Maia será lembrado como um homem sem coragem. Um anti-herói que foge de mosquitos e merece ser internado.