O que logo chama a atenção no livro “John”, escrito por Cynthia Lennon, primeira mulher do líder dos “The Beatles”, é o amargo prefácio de autoria do filho primogênito do casal, Julian Lennon. Em uma página e meia, ele tece sensíveis elogios à mãe. E desanca o pai: o mínimo que diz é que o grande astro do rock os deixava à mingua enquanto enriquecia. “Ela foi forte no momento em que ele se tornava rapidamente um dos homens mais ricos do seu ramo. Mamãe e eu tínhamos muito pouco e ela trabalhava para nos sustentar.”

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Fama Cynthia e John na primeira viagem dos The Beatles a Nova York

O filho é novamente duro com o pai ao afirmar que ele foi “um grande talento, um homem extraordinário que defendeu a paz e o amor no mundo. Porém, ao mesmo tempo, era-lhe difícil mostrar um pouco de paz e amor pela sua primeira família minha mãe e eu”. Esses trechos são um aperitivo para o que vem depois: uma história de amor, ciúme, compreensão, mas, ao mesmo tempo, de abandono, indiferença e até agressão física. A rigor, essa é a revelação mais pesada e inesperada sobre um homem que gravou na história a frase “Deem uma chance à paz”.

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(clique aqui para ler um trecho do Livro)

Uma resignada Cynthia conta do violento tapa que levou de Lennon pelo fato de ela ter dançado com Stuart Sutcliffe, amigo do casal, em uma festa. Segundo Cynthia, ele não sabia lidar com as contrariedades, não tolerava ouvir não, e às vezes tinha ataques de ira. Com o passar do tempo, o roqueiro substituiu as agressões por uma indiferença total e absoluta assim Cynthia explica o fato de ele ter se afastado drasticamente dela e do filho nos anos que se seguiram ao divórcio.

As inúmeras biografias já publicadas sobre os The Beatles e especificamente sobre Lennon, em especial agora que se aproxima o aniversário de 70 anos de seu nascimento, detalham que a ex-mulher e o filho foram negligenciados após a aparição de Yoko Ono, em 1968 ela se tornaria sua segunda mulher. Uma das queixas de Cynthia é de que em todas essas publicações ela foi sempre tratada como simples namoradinha sem importância na vida do ex-beatle e que só ganhou certa projeção porque engravidou do popstar no início do sucesso da banda. Lamenta ainda as insinuações da imprensa, inflada por Yoko Ono, de que sua gravidez fora uma forma de forçar o casamento. Ela quer mostrar que não foi bem assim e conta a sua versão da vida que compartilhou com Lennon, a quem conhecera na Faculdade de Artes, em Liverpool, em 1958.

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Casaram-se poucos anos depois e a união se prolongaria por mais uma década, quando Lennon conheceu Yoko, se apaixonou e decidiu pela separação. A impressão que se tem ao ler a história de Cynthia é de que ela vivenciou ao lado de John Lennon os seus anos de formação musical, intelectual e de caráter, mas que o universo artístico e de interesses de ambos foi se transformando. E eles, que tanto se amaram, foram se distanciando à medida que Lennon se tornava famoso e se afastava da rotina provinciana da Liverpool dos anos 1960. Ela abandonara seus estudos de artes e se deprimia ao perceber que o marido era-lhe infiel.

RELATO DE UM FÃ

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Em 1968, em Toronto, John Lennon e Yoko Ono permaneceram na cama durante sete dias em nome da paz mundial. Jerry Levitan, um garoto de 14 anos, infiltrou-se numa equipe de jornalistas e entrou no quarto do hotel. Ganhou a simpatia de Lennon e uma entrevista que só agora sai no Brasil no livro “Eu Conheci Lennon”, que inclui um DVD (acima)

Assista ao vídeo em que a repórter Natália Rangel fala sobre o livro

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