A Grande Maçã está ameaçada. E o perigo, neste caso, não se refere a terroristas. Ele vem na forma de doces, sanduíches gordurosos e pizzas. O inimigo é a diabete, doença caracterizada pela dificuldade de o organismo metabolizar o açúcar proveniente dos alimentos. O alarme soou porque Nova York está no meio de uma epidemia, como frisou o secretário de Saúde, Thomas Frieden. Hoje, cerca de 800 mil adultos são diabéticos, o que equivale a um portador em cada oito nova-iorquinos. Outro fato que assusta é o ritmo de surgimento de casos, praticamente o dobro da média americana. É impressionante também que a diabete esteja avançando na cidade, quando males como o câncer estão estabilizados. “Nova York tem muitos pobres, negros e latinos, grupos mais propensos a desenvolver a doença”, analisa Marcos Tambascia, presidente da Sociedade Brasileira de Diabete. Na metrópole vivem 3,2 milhões de indivíduos obesos ou com sobrepeso. A obesidade é fator de risco para diabete tipo 2, associada aos maus hábitos alimentares (a do tipo 1 é congênita).

Diante disso, Nova York lançou um plano de longo prazo para monitorar pacientes e prevenir as conseqüências do mau controle, como infarto e cegueira. É a primeira cidade americana a ter um programa do gênero, que entra em operação neste mês. Entre as ações, a mais polêmica é exigir dos laboratórios médicos da cidade o envio para a secretaria de testes que diagnosticam a diabete. Há quem condene a medida por invadir a privacidade dos cidadãos. O objetivo é encontrar mais portadores e fazer com que sigam as recomendações. Eles receberão ligações e cartas. Discussões à parte, o plano tem méritos. Sem falar do óbvio – salvar vidas –, ele pode aliviar os custos da doença. Estima-se que os EUA gastem US$ 132 bilhões com esse mal por ano.