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FENÔMENO
Trezentos mil exemplares na primeira edição de “A Travessia”

Há seis meses, a lista de livros de ficção mais vendidos no Brasil vem sendo liderada pela trilogia “50 Tons”, da inglesa E.L. James. Agora, um novo título começa a ameaçar essa hegemonia – e com uma trama que foge completamente do tom erótico da série best-seller. Trata-se de “A Travessia” (Arqueiro), novo romance do escritor canadense William P. Young, que se tornou célebre com a sua obra de estreia, “A Cabana”. Misto de ficção, autoajuda e religião, o livro teve a primeira edição fixada em 300 mil exemplares. Esse número já dá ideia de seu poder de fogo: as tiragens iniciais das publicações da editora Sextante (à qual pertence o selo Arqueiro) variam entre três mil e 12 mil exemplares.

A alta aposta faz sentido. Publicado em 2008, “A Cabana” é o segundo livro mais vendido no País nos últimos dez anos, com cerca de três milhões e meio de cópias. Perde apenas para “Ágape”, de autoria do padre Marcelo Rossi, que vendeu oito milhões de exemplares. Canadense de 57 anos e filho de missionários religiosos, o escritor passou a juventude em uma tribo na Papua-Nova Guiné, trabalhou como DJ e salva-vidas até formar-se em teologia e, na sequência, tornar-se um fenômeno editorial. Quando escreveu o primeiro livro fez apenas 15 impressões do original – seis delas destinadas aos filhos. Os amigos fizeram o boca a boca, mas chegar às editoras não foi fácil: as mais independentes o achavam exageradamente religioso; as cristãs o consideraram herético. Uma delas acreditou no relato e o resultado foram 18 milhões de exemplares vendidos mundo afora.

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Na mesma trilha, “A Travessia” também acompanha um homem em busca de redenção existencial e espiritual. Centra-se em Anthony Spencer, multimilionário egocêntrico que após sofrer um derrame e descobrir-se vítima de um tumor cerebral passa a ter visões de Jesus e do Espírito Santo. Premiado com uma segunda chance de voltar à vida e reparar os erros, ele passa a ter o poder da cura – mas só poderá salvar uma pessoa. Esse tipo de enredo espiritualista poderia estar em uma obra de Paulo Coelho, a quem Young é comparado. Diferentemente do autor brasileiro, ele segue uma linha cristã mais tradicionalista e menos mística, mesmo que pouco ortodoxa ao retratar figuras religiosas.

Foto: Konica Minolta