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ERWIN SCHROTT
barítono uruguaio, 39 anos: sucesso nos recitais
com a mulher, a soprano russa Anna Netrebko

Uma revolução está se dando no mundo da ópera. Para renovar o público, a Metropolitan Opera House, de Nova York, e a Royal Opera House, de Londres, estão selecionando para suas montagens cantores mais parecidos com modelos de grifes masculinas. O mais aclamado entre eles chama-se Vittorio Grigolo, 35 anos, conhecido como Il Pavarottino. Ex-integrante do coro da Capela Sistina, o tenor tem uma postura de popstar: usa jeans e costuma chegar aos teatros montado numa moto Harley Davidson. Na mesma faixa etária e seguindo fórmulas semelhantes de autopromoção, alinham-se o alemão Jonas Kaufmann e os americanos Noah Stewart e Stephen Costello, que gosta do rapper Eminem. Representante latino-americano, o barítono uruguaio Erwin Schrott forma com a soprano russa Anna Netrebko o que as colunas especializadas chamam de “o casal brangelina da ópera”. Recentemente, ele descoloriu os cabelos e, não raro, deixa à mostra as suas tatuagens em cena. “Precisamos ter mais habilidades, como saber atuar e ser versado em outras artes”, diz Schrott.

Entre os fatores que pesaram nessa mudança está a exibição dos espetáculos nos cinemas. “O elenco já entra em cena sabendo que será filmado e isso exige outro tipo de atuação. É o fim do tenor estátua”, diz o consultor Marcel Gottlieb. A perda de prestígio do cantor “barrilzão” abriu espaço para os galãs, junto com a natural renovação dos quadros. “A ópera acordou para a realidade cultural do nosso tempo. Tenores que cuidam tanto da imagem quanto da voz são frutos disso”, afirma o diretor André Heller.  

Foto: Daniel González Acuña/Lebrecht