A radialista itaperunense Rosangela Rosinha Garotinho Barros Assed Matheus de Oliveira tinha tudo para fazer carreira como sombra do marido. Escolada na função de primeira-dama, que exerceu três vezes – duas em Campos e uma no Rio de Janeiro –, Rosinha espera ter fugido da sina com um salto político que parecia ser maior do que suas pernas. Sem nunca ter se candidatado a um cargo público, Rosinha, 39 anos, convenceu 4 milhões de eleitores de que era a melhor opção para governar um Estado assolado por problemas. A candidata do PSB venceu no primeiro turno e em todos os municípios. Recebeu 75% dos votos válidos na região noroeste e 63% no norte. Rosinha, que passou a campanha prometendo continuar o governo do marido, quer agora marcar sua diferença do governo Benedita da Silva, do PT, que administra o Estado há seis meses.

Antes mesmo de pisar no Palácio Guanabara, ela decidiu torpedear um dos símbolos da política de segurança da administração petista. Anunciou que vai tirar do ar o dirigível Pax Rio, alugado até dezembro pelo Estado para vigiar vias expressas e morros cariocas. Assessores da governadora Benedita acham que é só o início do desmonte de um trabalho que vinha funcionando. Em vez de preparar uma equipe de transição, Rosinha preferiu montar o que chamou de “governo paralelo” para vigiar os passos de Benedita. E já avisou: quer o 13º salário dos servidores estaduais depositado antes de sua posse.

Debutante na política, a Rosinha que nasce das urnas de 2002 teve uma ascensão mais rápida do que a de seu mentor Anthony Garotinho e mais votos no Rio na eleição deste ano – 4.101.423 contra 3.449.001. Tendo passado pela Prefeitura de Campos duas vezes, ele precisou disputar duas eleições para chegar ao governo depois de derrotar Marcello Alencar, vencido no segundo turno de 1998. Rosinha avisou o que todo mundo já sabia: Garotinho vai ocupar um posto-chave em seu governo. Há quem desconfie de que é mais do que isso. “A Rosinha é um clone. Ela é o Garotinho. Não tenho dúvida que quem vai governar é o marido”, aposta o cientista político Luiz Antônio Machado, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e da UFRJ. Por via das dúvidas, Rosinha – ela e o marido pertencem à igreja presbiteriana Luz do Mundo – tem circulado com uma camiseta
com a inscrição “Jesus é o senhor”.