Operação mata-serra

Um único fato une, hoje, políticos tão diferentes quanto Ciro e Garotinho, Brizola e Inocêncio, Arraes e Antônio Carlos Magalhães: o ódio furibundo ao candidato José Serra, inimigo de todos eles. O ex-governador Tasso Jereissati espalha, a quem quiser ouvir, uma frase que diz ter sido pronunciada pelo ex-ministro da Saúde: “Eu vou riscar o Ceará do mapa no meu governo de oito anos.” Políticos influentes próximos a Ciro e Garotinho começam a trabalhar na chamada “Operação Mata-Serra”: a renúncia articulada dos dois candidatos para dar a vitória a Lula ainda no primeiro turno, se ficar caracterizada a ameaça de Serra chegar ao segundo turno. O dia D para o desembarque será 2 de outubro, dia do debate na Globo, quatro dias antes da eleição.

 

Vingança

“Ou o Tasso é burro ou jogou como coveiro de Serra na hora errada. Nunca vi fazer isso por escrito.” A frase é de um chefe tucano ao avaliar a carta do ex-governador comunicando seu afastamento. A turma de Serra prepara a vingança, caso vença as eleições. A primeira será a eleição para a presidência do Senado, uma ambição de Tasso. Na última quinta-feira, numa reunião com FHC, peemedebistas e tucanos reafirmaram o compromisso feito em abril. O comando do Senado seria do PMDB, provavelmente com Renan Calheiros (AL), e da Câmara, com um tucano próximo a Serra.

Quase

Antes de viajar para o Exterior, já com o crescimento de Serra consolidado, FHC cometeu uma inconfidência. Disse a um grupo de políticos que, dias antes das pesquisas registrarem o pulo do tucano, Serra o procurou desanimado. Ele estaria admitindo a hipótese de renúncia. O PMDB foi avisado da conversa e chegou a iniciar um movimento de consultas para anunciar já o apoio a Lula. FHC também começou a trabalhar uma saída pela esquerda.

Projeto 2ª feira

Mesmo após a subida nas pesquisas, a equipe do comitê de José Serra em Brasília está desanimada. Os programas do tucano têm tido uma boa avaliação, mas os profissionais envolvidos na montagem dos produtos para divulgar Serra estão há dois meses sem ver a cor do dinheiro. Ou seja, são oito segundas-feiras sem salário.

Deu branco

O deputado Mares Guia (PTB-MG), um dos coordenadores de Ciro Gomes, fez jus ao sobrenome. Deu uma baita derrapada verbal, num terreno delicado para o candidato da Frente Trabalhista, ao avaliar o debate da tevê: “Vamos cobrar a questão do desemprego de maneira respeitosa… não vamos para a negritude.” Para quem já viu Ciro discutir com um estudante negro em Brasília, usar o substantivo com conotações pejorativas não é de bom tom. Negritude, para o movimento negro, é sinônimo de orgulho. Não é usado como adjetivo.

Rápidas

Geraldo Bulhões, aquele que ganhou fama por apanhar da mulher, Denilma, jogou a toalha molhada. Candidato de Collor ao Senado, não entregou os papéis à Justiça. Mal na pesquisa, pode desistir.

O PPS quer convencer o ministro Pratini de Moraes (PPB-RS) a retirar a candidatura de Celso Bernardi ao governo do RS para facilitar a vitória em primeiro turno de Antônio Britto (PPS).

Efeito das últimas decisões da Justiça Eleitoral a respeito dos programas no horário político da tevê: estão querendo mudar a sigla do TSE para TES – “Tribunal Eleitoral do Serra”.

Devido a um erro industrial, no lugar da nota com o título “Turma de Serra quer vingança”, da coluna Fax Brasília da última semana (edição 1718), foi publicado um texto antigo.