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INCENTIVO
Fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo e Luciano Coutinho,
do BNDES: inovação tecnológica como prioridade

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Na semana passada, o governo federal lançou mais uma rodada de medidas para acelerar a economia. A ideia é trazer de volta os investimentos, que andaram desaparecidos nos últimos meses e que são vitais para o crescimento. Em anúncio realizado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, Luciano Coutinho, o governo desonerou a folha de pagamentos da construção civil, destinou R$ 54 bilhões para a ampliação e modernização dos portos, reduziu a taxa de juros de longo prazo de 5,5% ao ano para 5% e, principalmente, ampliou em R$ 100 bilhões as linhas de crédito do BNDES para financiar projetos de inovação e a compra de bens de capital das empresas brasileiras. O objetivo é pressionar os investimentos para uma alta de 8% no ano que vem e, assim, sustentar a perspectiva de que o produto interno bruto avance 4% a partir de 2013.

A despeito das inúmeras medidas de estímulo que o governo anunciou em 2012 (como a prorrogação do imposto reduzido para a compra de automóveis e produtos da linha branca e móveis), o crescimento da economia não correspondeu às projeções. No terceiro trimestre, o PIB avançou apenas 0,6%, metade do que o governo e o mercado esperavam. “A expectativa era que esse período já apontasse para uma recuperação não só do consumo, mas também do investimento, e isso não ocorreu”, disse à ISTOÉ Fernando Sarti, professor do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Segundo ele, a perspectiva do governo para o avanço dos investimentos é crível e será puxada pela infraestrutura e pela construção civil.

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Há cinco trimestres consecutivos, a taxa que mede o investimento em capital produtivo só cai (leia quadro), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. No acumulado do ano, a retração é de 3,9% sobre o mesmo período do ano passado. Para Mauro Rochlin, professor de economia do Ibmec, o diagnóstico do governo é correto, mas o remédio é fraco. “A redução da taxa de juros sozinha não pode ser entendida como fator decisivo para o investimento”, diz Rochlin. “Essa decisão tem mais a ver com as expectativas do setor privado em relação à demanda.” Em outras palavras, os empresários não se sentem confiantes no retorno que terão num horizonte de crise econômica prolongada, apesar do acesso facilitado ao crédito. Sarti, da Unicamp, discorda. “O nível de emprego tem mantido um comportamento positivo mesmo num ano em que tivemos sucessivas más notícias”, afirmou. “Isso mostra que, apesar do desânimo com os resultados de 2012, as expectativas para 2013 são de retomada.”

Foto: Clayton de Souza/AE e Valter Campanato/ABR