O ritmo acelerado de evolução dos telefones celulares atropelou o vernáculo. Na versão atualizada do dicionário Aurélio, ele é definido como aparelho portátil capaz de transmitir a palavra falada e sons. Hoje o conceito precisaria incluir, no mínimo, imagens e textos. Os celulares estão cada vez mais parecidos com os computadores de mão e a tendência é que os dois produtos se transformem num só. As gigantes do setor de tecnologia Microsoft, Motorola, Nokia e Vodafone anunciaram a intenção de criar um padrão comum para as duas maquininhas, que já estão quase falando a mesma língua.

Os celulares da geração 2,5 e 3, que oferecem internet móvel em alta velocidade e acesso a uma grande gama de aplicativos, deverão chegar ao Brasil no segundo semestre. As novidades surgem no momento em que as vendas mundiais apresentaram a primeira queda de sua história. O objetivo é justamente reaquecer o mercado, mostrando que o celular bate um bolão em tecnologia. A Telesp Celular pretende lançar ainda este ano pré-pagos com várias opções de serviço. A empresa também está testando no Brasil e na América Latina uma tecnologia que permite aos celulares rodar programas de computador semelhantes ao formato Windows, da Microsoft, e estar permanentemente conectados à internet. O usuário não paga pelo tempo de conexão, só por serviços realizados, como programas baixados ou imagens transmitidas pela rede.

O modelo TM 520, da LG, também deverá oferecer o serviço a partir do segundo semestre deste ano. Ao abrir o menu na tela do telefone, pode-se aplicar dinheiro em fundo de investimento, participar de um chat durante dez minutos ou procurar a melhor rota para chegar a um restaurante. Cada serviço possuirá uma taxa que não está definida, mas não deverá ser superior o impulso das chamadas comuns. Outra novidade são os cartões Zaaap, que permitem conexão à rede pelo computador ou palm, em qualquer lugar, sem a necessidade de fios. Na área de entretenimento, a empresa britânica TTPCom está aperfeiçoando programas para games, com imagens geradas para o formato do celular. A musa virtual Lara Croft, do game Tomb Raider, deverá chegar à telinha dos usuários até o final do ano.

Estes craques tecnológicos já são famosos
no Japão e na Coréia, que aproveitaram a
Copa para mostrar que celular é com eles mesmos. Estandes espalhados pelas cidades-sede da competição oferecem atrações para a compra dos celulares de terceira geração, como a exibição de cenas dos melhores momentos das partidas. Outra graça das geringonças é permitir que o usuário tire uma foto ou baixe videoclipes da rede durante uma viagem e os transmita via internet para o celular ou computador de um amigo. O serviço também é oferecido no novo modelo da Nokia, o 7650, que traz uma câmera digital embutida. O computador não é mais imprescindível para a transmissão de dados, pois o celular faz tudo sozinho. Craque de bola.

Piratas na linha

Os aeroportos de São Paulo e do Rio de Janeiro são os maiores alvos de clonagem de celulares. Os hackers utilizam a linha roubada como se fosse uma extensão ou se apoderam do número e das informações contidas no telefone. Os sinais são captados através das redes de comunicação locais via rádio no momento em que o usuário liga o aparelho para fazer uma chamada. O proprietário é obrigado a trocar de linha ou aposentar o telefone para não arcar com as contas do usuário intruso. Pelo menos 21 políticos tiveram seus telefones clonados este ano. O senador Eduardo Suplicy foi vítima da clonagem quatro vezes. Os especialistas reconhecem que não há nenhum sistema eficiente para proteção de aparelhos sem fio. Mas a tecnologia está a caminho. Cientistas americanos conseguiram copiar informações de um celular em apenas 60 segundos e estão testando uma espécie de senha que permite, em caso de clonagem, identificar o pirata. Por enquanto, não resta outra saída: não ligue o celular nos aeroportos e não o empreste a pessoas desconhecidas.

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