Carícias estão auxiliando na descoberta do câncer de mama. A conclusão é da presidente da Sociedade Franco-brasileira de Oncologia, a médica Carla Ismael, do Rio de Janeiro. Segundo a especialista, cerca de 10% das pacientes que procuram ajuda porque “descobriram um caroço” foram alertadas pelo namorado ou marido. “Mas na maioria dos casos elas já chegam com tumores grandes”, afirma.
A ajuda das carícias masculinas é um dos resultados preliminares de um estudo conduzido por médicos brasileiros e franceses. Ele será apresentado no II Congresso Franco-brasileiro de Oncologia, que acontecerá no Rio em outubro. Há outro aspecto interessante do trabalho: em nenhum dos casos em que o homem localizou o tumor no seio da companheira, a mulher foi abandonada.

“Sempre que o homem descobre, ele ajuda”, explica a médica. É o que ocorreu com Carolina Pereira, 57 anos. Além de descobrir o caroço, o namorado, Carlos Roberto, 46 anos, a acompanhou inclusive na hora de trocar os curativos da operação. “Se não fosse o Carlos, talvez eu descobrisse o problema tarde demais”, conta.

O Instituto Nacional do Câncer estima que a doença cause neste ano nove mil mortes. Carla orienta que a melhor defesa é o diagnóstico precoce. “O importante é que os nódulos sejam detectados bem pequenos. Se as mulheres arranjarem parceiros carinhosos, estes números podem diminuir”, diz.

Há mais um “carinho” que pode ajudar. Na semana passada, a fabricante de cosméticos Avon lançou a campanha Um Beijo Contra o Câncer. Ela está montando um fundo de combate à doença com parte da arrecadação da venda de batons da linha Ultra Color Rich. Além disso, vai incentivar o auto-exame por meio do trabalho das 770 mil revendedoras que atuam no País. Elas divulgarão as formas de prevenção para as consumidoras da marca. “Nossa ação vai fazer diferença. É uma campanha permanente”, afirma Eneida Bini, presidente da filial brasileira.

Dose de reforço

Não custa reforçar: os remédios contra a doença são cada vez mais eficazes. No congresso Recentes Avanços em Câncer de Mama, organizado na semana passada, no Rio, foram discutidas novas drogas que ajudam a diminuir os índices de mortalidade. Uma delas é o anastrozol (nome comercial Arimidex), que reduz a chance de o câncer voltar em mais de 20% dos casos. O remédio está em processo de aprovação nos Estados Unidos. O docetaxel (Taxotere) é mais uma boa opção. Ele é usado no pré-operatório para diminuir o tamanho do tumor, permitindo que a cirurgia de remoção do câncer seja menos agressiva. Mário Alberto da Costa, presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, destaca o trastuzmab (Herceptin). “Há estudos sobre sua eficácia contra tumores avançados. Na maioria dos casos, ele regride”, afirma.

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Celina Côrtes


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