Como deputado, Romário continua tão indomável quanto nos tempos de jogador. Confira entrevista em que ele explica por que é persona non grata nos altos escalões da CBF e da Fifa:

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Uma volta ao passado, com tons triunfais de patriotismo. “Nacionalismo”, “valorizar o que é nosso”, “desejo do povo”, foram alguns dos termos usados pelo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin, 80 anos, para justificar a escolha de Luiz Felipe Scolari, 64 anos, comandante da campanha do pentacampeonato em 2002, como o novo técnico da Seleção Brasileira que irá disputar no ano que vem a Copa das Confederações e, mais importante, a Copa do Mundo de 2014, ambas em território nacional. A experiência contou também na escolha do coordenador técnico, Carlos Alberto Parreira, 69 anos, que ganhou o tetracampeonato mundial em 1994. Felipão e Parreira formam o escudo ideal para a cada vez mais questionada administração da CBF, que convive com denúncias contra seus dirigentes (leia reportagem na pag. 104) e acusações de irregularidades na organização da Copa.

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Carismático, Felipão tem entre suas características mais marcantes a capacidade de motivar jogadores e torcida. Na primeira coletiva de imprensa de retorno à Seleção, na quinta-feira 29, ele já mostrou a que veio. “Vamos fazer um ambiente de união, de envolvimento entre seleção e população”, disse. O treinador também é famoso por suas declarações, muitas vezes polêmicas. Na coletiva, declarou que quem não quer sofrer pressão deveria trabalhar no Banco do Brasil (leia outras pérolas acima). Mais tarde, entrou em contato com o presidente do BB, Aldemir Bendine, para pedir desculpas. “Foi apenas uma má colocação”, disse. Para Bendini, a polêmica está encerrada. “Você (Felipão) tem uma família de 116 mil pessoas que estarão torcendo pelo seu trabalho.”

A escolha do novo treinador foi ditada pela política e pelo ufanismo. “Felizmente o nosso país tem um número grande de técnicos competentes, dedicados e merecedores desse cargo. Mais do que nunca nós devemos valorizar aquilo que é nosso”, afirmou Marin. Depois, buscou respaldo junto ao governo federal na figura do ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, de quem Felipão é amigo e consultor, depois da demissão no Palmeiras – time que ele comandou durante dois anos, até setembro deste ano, e que foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro neste mês. “Estamos procurando fazer o melhor. Dentro desse objetivo, nós escolhemos esses dois grandes campeões respeitados no mundo inteiro”, disse Marin.

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RESPALDO
Marin consultou o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo, de quem
Felipão é amigo, antes de anunciar o novo técnico da Seleção

As negociações com Felipão se deram pelo menos uma semana antes da surpreendente demissão de Mano Menezes, na sexta-feira 23 de novembro, no momento em que o técnico parecia encontrar um rumo tático para a equipe brasileira. “Eles já conversavam com Felipão há 15 dias pelo menos”, afirmou à ISTOÉ o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Novelletto. A saída de Mano tornou impossível a permanência do diretor de seleções, Andrés Sanchez, que não foi consultado sobre o assunto. Apesar de relutar, Sanchez entregou o cargo que devia ao antecessor de Marin, Ricardo Teixeira, hoje em exílio voluntário em Miami, na quarta-feira 28. O anúncio do novo técnico, inicialmente prometido para janeiro, foi antecipado em dois meses por pressão da Fifa, que não via com bons olhos a ausência de um representante brasileiro no sorteio da Copa das Confederações, marcado para o sábado 1º de dezembro em São Paulo. “Uma seleção do porte do Brasil não pode ficar sem treinador, não pode ficar à deriva”, afirmou Joseph Blatter, o presidente da entidade.

Agora, Felipão tem o desafio de retomar o prestígio da seleção que mais venceu Copas do Mundo – e é a atual 13ª colocada no ranking da Fifa – e fazer a composição entre jovens atletas, cujo maior destaque é Neymar, e jogadores veteranos, como Kaká e Ronaldinho Gaúcho. O técnico afirmou que manterá a base convocada pelo antecessor. “Pelo menos dentro de campo, a Seleção está tomando o rumo correto com a escolha de grandes profissionais”, disse à ISTOÉ o herói do tetra e atual deputado federal, Romário, um dos grandes críticos do trabalho de Mano Menezes. Felipão se comprometeu a lutar pelo sexto título mundial. “Nós temos a obrigação de ganhar”, afirmou Scolari. Há muito trabalho pela frente.

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Foto: Sergio Moraes/REUTERS e Celso Pupo/Fotoarena/Folhapress


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