Foi a glória! Ou terá sido a Naomi? Tanto faz: o desfile da grife brasileira Rosa Chá, by Almir Slama, na Semana de Moda de Nova York, foi concorridíssimo. Os olhos da multidão correram risco de estrabismo repentino, sem saber se olhavam para a passarela onde a coleção primavera/verão 2003 de maiôs era exibida, ou para a platéia ocupada por celebridades como o cantor Bono, o mágico David Copperfield, o empresário Donald Trump e sua ex, Ivana Trump. Estavam todos lá, desde as 11 horas, às portas dos salões do restaurante Cipriani, na rua 42. Os famosos, diga-se, foram acomodados dentro da casa, enquanto a ratatuia esperou 40 minutos na calçada devido ao proverbial atraso brasileiro em compromissos. Se alguém deu um pio, não foi ouvido, pois ao lado da fila estava um piquete de militantes do sindicato dos peões de obra de Nova York, protestando contra a ausência de seus colegas numa construção naquela quadra. Mas valeu a pena, pois a visão da modelo Naomi Campbell em traje de praia é sempre um espetáculo.

Os veteranos de coberturas da guerra da moda na capital mundial do consumo garantem que esta exibição da Rosa Chá foi a melhor  participação da moda brasileira em todos os tempos. E olha que o material exibido pela grife é exíguo. Alguns biquínis provavelmente têm como embalagem biscoitos da sorte de restaurante chinês. Slama – vivo e experiente – até que deu mais pano para manga, ou melhor, para os fundilhos das peças de baixo de cada modelito. Sabe-se que as americanas não são adeptas de pegar um bronze no bumbum. Assim: em Roma como as romanas. Com o aumento da área – com tecidos da Pettenati, como as microfibras de contato refrescante na pele, os jacquards, que favorecem a dissipação de calor e as l ycras sedosas –, até deu para se admirar a temática indígena brasileira que estampa a primeira leva da coleção. Não apenas nos padrões, mas também nos moldes, as tangas levaram inspiração marajoara, ou seria ianomâmi, xavante, tupi, guarani?

Mas quem se importa com a antropologia, quando a negrura de La Campbell enverga as paramentas? Ela abriu e fechou a peregrinação das modelos na passarela. Em meio à romaria de belezas, estava a estonteante figura de Yasmin, filha de Luiza Brunet, que estreou em desfile internacional. A genética a favoreceu, tanto na estampa, quanto no porte, que a colocou par a par com o balaio de gatas experiente neste metiê. Pena que foram apenas 15 minutos de tráfego no tapetão branco. Mas mesmo com o tempo tão escasso quanto o material a cobrir as beldades com brilho, deu para notar Ivana Trump, hoje a rainha das vendas via canal a cabo, devorando com os olhos e lambendo com a testa os contornos dos meninos de sunga.
 


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias