Fundo falso

O próximo presidente vai encontrar um tesouro escondido na CEF. O procurador Aldenor Moreira de Sousa passou dois anos vasculhando a caixa-preta do FGTS para identificar empréstimos a bancos em dificuldades. Resultado: encontrou uma montanha de R$ 13,2 bi aplicados em títulos da dívida pública. A própria Caixa reconheceu a existência e a aplicação como forma de “manter o poder aquisitivo da moeda”. Mas a lei exige que esse dinheiro seja destinado à construção de casas populares. O que daria para erguer mais de 650 mil moradias para pessoas de baixa renda rodou na ciranda financeira por um motivo ridículo: até hoje, embora existam projetos, não há definição do que é uma casa popular. O Planalto, que deveria regulamentar a lei, transferiu a tarefa para o Conselho Curador do FGTS, que
não tem competência para tal. FHC e o presidente da Caixa, Emílio Carazzai, estão respondendo a um processo na Justiça Federal de Brasília por omissão.

 

Com a boca na botija

O Ministério da Fazenda descobriu que o ex-ministro da Integração Regional Fernando Bezerra, candidato ao governo do Rio Grande do Norte, usou pelo menos uma nota fria para justificar à Sudene incentivos recebidos por sua empresa, a Metasa. Trata-se da nota 000185, emitida em 28 de agosto de 1997 pela Usimec, no valor de R$ 559.686. A Corregedoria Geral da União está com os documentos remetidos pelo Ministério da Fazenda. É mais uma dor de cabeça para a equipe de Bezerra, que passou a semana preocupada com a prisão de Jader Barbalho, pois temem que as investigações da Sudam cheguem ao Rio Grande do Norte.

Bruxarias maranhenses

O Conselheiro Nywaldo Macieira, do Tribunal de Contas do Maranhão, está possesso. As 67 folhas do relatório que apontavam irregularidades na prestação de contas da Prefeitura de São Luís na gestão de Jackson Lago (PDT), candidato ao governo, simplesmente sumiram e foram substituídas por pareceres que aprovam as contas do ano de 1997. Entre as irregularidades estão as compras de perfumes para secretárias do prefeito e pagamento de contas particulares de luz, escolas e até aluguéis. Vai ser aberto um inquérito administrativo para conhecer o padrinho de Lago no Tribunal de Contas.

Bola na rede

Os cartolas já olhavam para o cronômetro, felizes com o fim do tempo regulamentar do governo Fernando Henrique Cardoso. É que expira em novembro a medida provisória que enquadra clubes de futebol na lei de responsabilidade fiscal. Mas o Planalto vai editar nova MP para prorrogar o martírio da cartolagem. Até 31 de dezembro serão obrigados a apresentar o balanço de suas contas, sob pena de crime fiscal.

Memória viva

Inspirado no exemplo de ex-presidentes americanos, FHC vai instalar no Rio de Janeiro o memorial que resume sua vida. Todo o acervo intelectual, livros e comendas deste período estão sendo organizados por Danielle Ardaillon, uma enxuta francesa de 61 anos que já ganhou medalhas de natação em torneios da terceira idade. Assessora de FHC desde seus tempos de acadêmico, Danielle pilota uma sala no subsolo do Planalto.

Rápidas

Tabelinha dos Ministérios da Justiça e do Esporte em defesa do torcedor: quem comprar ingressos de evento esportivo vai ter os mesmos direitos do Código do Consumidor. FHC aprovou a idéia.

Ministros de Fernando Henrique andam espalhando que a nomeação do presidente da Empresa de Correios e Telégrafos, Humberto Mota, tem um dedo travesso por trás: o dedo de Garotinho.

Dinamite no ar: um traficante da pesada vai aparecer no horário político da TV, na semana final da campanha na Paraíba, dizendo ser o fornecedor de cocaína de um dos favoritos a governador.