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O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), reeleito em outubro com 65% dos votos válidos, é dono de um raro perfil entre os políticos cariocas. Não costuma entrar em polêmica. É obstinado pelo trabalho – na prefeitura, não raro, cumpre jornadas de até 20 horas – e é considerado até por adversários uma pessoa conciliadora. Essas características foram fundamentais para que, aos 43 anos, Paes – eleito pela ISTOÉ o Brasileiro do Ano na Política – chegasse hoje ao seu ápice em quase duas décadas de vida pública. O triunfo na eleição para prefeito do Rio representou a vitória pessoal de um prefeito muito bem avaliado, que, graças a esse estilo apaziguador, conseguiu costurar uma imbatível aliança formada por 20 partidos. Uma composição considerada inimaginável para os padrões da beligerante política carioca. “Eu tenho esse espírito e recebo todo mundo em meu gabinete sem distinções. Como vocês podem ver, tem de tudo no meu gabinete. Sou católico, mas também possuo representações da religião judaica e evangélica. Tenho aqui também cinturão de UFC, prancha de surfe, bicicleta e até latão da Comlurb (Companhia de Limpeza Urbana do Rio)”, mostrou Paes ao receber a reportagem de ISTOÉ em seu gabinete na Cidade Nova.

Os primeiros passos de Paes na política foram dados aos 23 anos como subprefeito da Barra da Tijuca, na gestão de Cesar Maia em 1993. Os dois se conheceram durante a criação do “Rio Orla”, programa que reformaria as calçadas da orla carioca em 1990. Mas a política não entrou na vida de Paes por obra do acaso. Na escola – São Patrício (Botafogo) e Santo Agostinho (Leblon) – ele já dizia aos colegas que acalentava a vontade de ser político. Aos 17 anos, foi fiscal do Sarney. Em 1996, Paes seria eleito vereador pelo PFL. Em seguida, desta vez pelo PSDB, conquistou a cadeira de deputado federal duas vezes e ocupou a Secretaria Estadual de Esportes, Turismo e Lazer, já no governo de Sérgio Cabral, hoje o seu principal aliado. “O Eduardo Paes dá exemplo ao País ao desenvolver uma gestão eficiente, que leva em conta as parcerias políticas com outras esferas governamentais”, elogia Cabral.

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CONCILIADOR
O gabinete do prefeito do Rio, Eduardo Paes, ilustra bem seu estilo eclético:

"Recebo todo mundo", diz.

De fato, as alianças celebradas por Paes com o governo estadual e federal foram fundamentais para o êxito de sua gestão. A parceria com o governador Sérgio Cabral e a presidenta Dilma Rousseff ajudou a recuperar economicamente a cidade e lhe garantiu folga financeira para a realização de obras reivindicadas pela população. A mais importante é a Transcarioca. Trata-se de um BRT (Bus Rapid Transit), corredor exclusivo para ônibus articulados que vai ligar a Barra da Tijuca, na zona oeste, ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, na zona norte, passando por todo o subúrbio. “Essa aliança entre município, Estado e União é uma das diferenças desse governo tão bem avaliado nas urnas”, afirma o professor de Ciências Políticas da Universidade Federal Rural do Rio, Vladimyr Lombardo Jorge.

A recuperação econômica da cidade rendeu um fato inédito dentre os municípios brasileiros. O Rio conseguiu graus de investimento (quando se recomenda negócios no município) das principais agências internacionais, a Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s. A revitalização da zona portuária é considerada pelo prefeito o maior símbolo do renascimento da cidade. “É emblemática. Uma área de cinco milhões de metros quadrados no centro da cidade, que estava abandonada e hoje renasce das cinzas. Um investimento de R$ 4,5 bilhões, maior PPP (Parceria Público Privada) do Brasil”, disse o prefeito. A segunda maior PPP também está no Rio. Trata-se do Parque Olímpico, um negócio de R$ 1,8 bilhão. “Foram anos de ausência de investimento em infraestrutura. Agora, quando fazemos muita coisa, lógico que causa impacto na cidade. Mas vai melhorar a vida das pessoas”, explica Paes, puxando o inconfundível sotaque carioca.

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Embora encarne o carioca típico, Paes mantém uma vida pessoal discreta. Casado, pai de dois filhos, torcedor do Vasco, o prefeito mora com a mulher Cristine na Gávea Pequena, a residência oficial. Costuma acordar muito cedo e dar-se por satisfeito com poucas horas de sono. Determinado a agir como uma espécie de síndico do Rio, Paes esteve junto à população nos dramáticos desabamentos de casas ocorridas em 2010 em decorrência das chuvas. Para estimular o uso de ciclovias e bicicletas, também uniu-se aos moradores ao pedalar pela cidade afora.

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O estilo adotado por Paes terá de ser mantido até o fim do mandato. Sua agenda para os próximos anos está abarrotada. Em junho de 2013, ele recebe a Copa das Confederações, competição que envolve as principais seleções de futebol do mundo. No mês seguinte, recepciona a Jornada Mundial da Juventude, evento organizado pela Igreja Católica com expectativa de levar mais de dois milhões de pessoas de várias nacionalidades ao Rio. Já em 2014, durante a Copa do Mundo, o Rio assumirá o papel de protagonista, já que a cidade será palco da grande final prevista para o dia 13 de julho, no reformado estádio do Maracanã. No ano seguinte, Paes organiza as festas de comemoração dos 450 anos de fundação da cidade e, em 2016, comandará a organização da Olimpíada. “Temos planejamento estratégico e os recursos estão organizados e disponíveis”, assegura Paes, o Brasileiro do Ano na Política.

Fotos: Masao Goto Filho/Ag. IstoÉ; Beth Santos; Álbum de família


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