A quarta edição do Skol Beats, marcada para o sábado 26, em São Paulo, vem com uma nova roupagem. Tradicionalmente sediado no Autódromo de Interlagos, onde acontecem as corridas de Fórmula 1, um dos maiores eventos de música eletrônica do mundo foi transferido para o Complexo do Anhembi, um centro de lazer com 45 mil metros quadrados, considerado o maior da América Latina e onde acontecem os carnavais da capital paulista. A mudança não agradou muito aos frequentadores do festival. Com razão. O autódromo é bem mais aprazível, com um enorme gramado, que contrasta com o cimento do Anhembi. Afinal, depois de horas de maratona clubber (o evento começa às 16h e vai até as 9h da manhã do dia 27), nada melhor do que se jogar na grama para descansar.

De qualquer maneira, as estrelas que irão tocar no festival e a megaestrutura armada prometem compensar o desconforto. Os organizadores garantem que antigos problemas, como a fila na entrada, a falta de banheiros e a absurda falta de água no meio do festival, não voltarão a acontecer. “Teremos três entradas para o público, duas praças de alimentação, 14 bares e 230 banheiros fixos e químicos”, explica Carlos Lisboa, gerente de marketing da Skol. Toda essa estrutura acabou pesando no bolso do público. O ingresso custa R$ 55 com antecedência e R$ 65 para quem deixar para comprar no dia. No ano passado, o preço era de R$ 30 e R$ 45, respectivamente.

Mas, se depender da irreverência da campanha publicitária do festival, que está sendo veiculada na tevê há 15 dias, o evento deve atrair as 80 mil pessoas (o dobro do ano passado) esperadas. No filme, um monstro gigante imita as batucadas pesadas do tecno e até faz um scratch (arranha o vinil) com uma nave espacial perdida em um planeta desconhecido, promovendo uma festa com os astronautas a bordo. “O alienígena foi inspirado nos primeiros filmes de ficção científica, quando, por falta de tecnologia, todos eles eram insetos gigantes”, conta Fábio Fernandes, diretor de criação da agência F/Nazca.

O público vai ter de se desdobrar para acompanhar aos 70 DJs – 17 deles nunca estiveram no Brasil – que se apresentarão nas tendas inspiradas nos núcleos de festas londrinos. São elas a The End e Bugged Out! (house e tecno), Gatecrasher (trance), Movement (drum’n’ bass) e o palco do Outdoor Stage, que vai misturar as várias vertentes da música eletrônica. Este ano os VJs – os autores das imagens que são executadas no telão, e não apresentadores de videoclipes – prometem dar um show à parte, com projeções que acompanham cada estilo de som.

Anhembi: avenida Olavo Fontoura, 1.209. Ingressos a R$ 55 à venda nas lojas Triton, Carrefour, Pizza Hut ou pelo Ingresso Fácil (tel.: 6165-2121, em São Paulo, e 0300-7896366 para outros Estados) e pelo site www.skol.com.br. Também serão vendidos na bilheteria a R$ 65. Censura: 18 anos.

 

Por dentro das tendas

Confira o que vai rolar em cada ambiente do festival

BUGGED OUT!

Quem esteve no festival em 2002 não se esquece da sequência dos DJs François K., Todd Terry e Erick Morillo. Pois este ano o roteiro da tenda house está bem mais modesto. Dos brasileiros, foram convocados nomes já tradicionais como os DJs Luiz Pareto e Erick Caramelo. Os ingleses Dave Clarke (que já fez remixes para nomes como Fischerspooner e Depeche Mode) e a dupla Futureshock – Dex & Fx, responsáveis por versões de músicas do Underworld e Chemical Brothers, são os destaques internacionais.

Dê uma espiada: O DJ Renato Lopes é um dos precursores do house no Brasil. Em dezembro de 2002 ele fechou a apresentação da francesa Miss Kittin no Rio de Janeiro, com um set que misturou tech-house, electro e tecno.

THE END

Ficou quase impossível distinguir quem são os DJs de house, tecno e electro, porque a maioria deles procura fazer uma mistura dos gêneros. As tendas Bugged Out! e The End trazem os DJs que representam essa tendência. A principal diferença entre as duas tendas é que a The End é mais próxima da “lenha” (estilo mais pesado do tecno). Exemplo disso é a dupla inglesa Layo & Bushwaka! e os brasileiros Mau Mau e Pil Marques.

Não perca: Uma das sequências mais esperadas do festival começa com o DJ americano Green Velvet, seguido por Derrick May (que mostrou o tecno industrial de Detroit para o mundo) e o brasileiro Renato Cohen – autor da faixa Pontapé, que Carl Cox costuma executar em seus sets.

MOVEMENT

Fãs do bom e velho drum’n’bass não têm do que reclamar. Além de ser a maior das tendas, com 2.400 metros quadrados, a Movement conta com três nomes de peso do estilo: Grooverider – um dos “pais” do drum’n’bass – Bryan Gee e o brasileiro Marky, que particularmente no Skol Beats costuma fazer apresentações apoteóticas.

Compensa chegar mais cedo: O drum’n’bass é a vertente mais popular da música eletrônica e nada mais natural do que a tenda ficar lotada. Se você não quer deixar de ver o concorrido set do DJ Marky, por exemplo, procure chegar momentos antes de ele entrar em cena.

GATECRASHER

Tradicionalmente conhecida por ser a “tenda trance” do festival, a Gatecrasher vai fazer uma mistura de estilos este ano. Prova disso é que os DJs que se apresentam misturam house progressivo, trance e hard trance. Uma das atrações mais esperadas é o DJ Dave Seaman, residente do clube inglês Cream e presença constante na rave de Ibiza. Outro nome de peso é o holandês Ferry Corsten, que já remixou faixas de Madonna e Moby.

Fique de olho no telão: O VJ da Gatecrasher é o paulistano Alexis, o primeiro a desenvolver o trabalho no Brasil. Nas outras edições do Skol Beats ele foi responsável pelas imagens que apareciam nos telões da maioria das tendas. Inspirado no som progressivo e dançante da tenda, o VJ vai projetar imagens que vão contar com uma variedade de cores e motivos espaciais. “Quero usar o gingado de danças típicas de vários países e animações com fotos da Nasa”, adianta.

OUTDOOR STAGE

É o palco aberto do festival onde acontecerão performances ao vivo e DJs acompanhados por MCs. Quatro das principais atrações do Skol Beats se apresentarão no local: a dupla francesa The Youngsters (que deve apresentar um empolgante set de house e tecno do álbum Lemon-Orange), os britânicos do Stereo’s MCs (aqueles do single “Connected”, um dos hits mais tocados no começo dos anos 90), o grupo inglês 808 State e o DJ Jeff Mills, um dos pioneiros no tecno industrial de Detroit.

O DJ Marky mais uma vez promete roubar a cena ao se apresentar ao lado do DJ Xerxes e do MC Stamina. É do trio a famosa remixagem da canção Carolina Carol Bela, de Jorge Benjor.

Lenha: Numa comparação elogiosa, ele é chamado de “o Marky do tecno”. O DJ paulistano Murphy fará uma performance ao vivo, com quatro pick-ups. Nos clubes onde é residente (às sextas no A Lôca, e aos sábados no after-hour do Lov.e), o DJ costuma executar sets pesados (a “lenha”), mas ao mesmo tempo dançantes.